22 de outubro de 2024 9:29 por Da Redação
Por Cadu Amaral
Passadas as eleições municipais, o PT começa a se preparar para seu processo de eleição interna. O PED – Processo de Eleição Direta – será realizado em 2025, após prolongamento de cerca de um ano das atuais direções.
Em Alagoas, o cenário é, para mim, como militante e ex-dirigente partidário, desolador. E não me refiro ao resultado eleitoral de 2024, uma vez que o PT nunca foi realmente bem em eleições municipais, como já comentei no Youtube (ABAIXO). Me refiro ao futuro de um partido, o principal da esquerda brasileira, que não possui um projeto político. O PT em Alagoas está sem visão estratégica, consequentemente, titubeia na tática, se é que tem alguma, ao menos coletiva.
Nenhuma das principais lideranças partidárias em Alagoas têm uma proposta, uma ideia, de projeto coletivo de partido, apenas a de serem a principal figura local do PT e de construir seu projeto pessoal
É triste, mas é verdade.
E não afirmo isso por entender haver qualquer coisa que não seja incompreensão da realidade e da luta política no estado.
Hoje, nenhuma liderança do PT em Alagoas discute que partido queremos ter daqui 10 ou 12 anos. Nenhuma liderança partidária discute formas de fomentar, projetar e consolidar novas lideranças; e fortalecer as que já estão “sob o Sol”.
Cada uma delas se mexe somente para acumulação de força para si, seja internamente, seja eleitoralmente. E isso por si só não é um pecado ou coisa que o valha. Nada disso. É incompreensão sobre a possibilidade de fazer o partido crescer, se fortalecer, em paralelo com os projetos pessoais.
Não podemos negar a política e, na política, os projetos pessoais estão por aí e podem ser usadas para a construção coletiva.
Podem, mas pelo andar da carruagem, em Alagoas, não irão.
As eleições partidárias que se avizinham em Alagoas tem tudo para resultar num processo de boicote interno. A tendência que vencer o PED fará o que puder para boicotar as lideranças das derrotadas. Especialmente, se a vitoriosa lograr mais da metade da direção.
Na eleição interna do PT, as direções são compostas por proporcionalidade.
E é aí, na proporcionalidade, que pode estar um instrumento para auxiliar a construção coletiva do PT em Alagoas.
Se as tendências tivessem o mesmo tamanho, com os espaços divididos de forma que todas exerçam uma tarefa relevante, as forças políticas internas seriam obrigadas a dialogar constantemente, uma vez que nenhuma teria votos para decidir nada sozinha.
Isso, por si só, não basta porque é preciso focar na construção de um projeto político para o PT, que está na resposta às perguntas: Que partido queremos ter em Alagoas daqui 10-12 anos?; Como chegaremos lá?
Essa é uma construção que, evidentemente, terá de ser feita em paralelo à conjuntura imediata. Mas se houver compromisso coletivo de construção partidária, o imediato estará a serviço do futuro. Os projetos pessoais estarão a serviço do coletivo.
Mas sinceramente, e espero estar errado, as lideranças do PT em Alagoas não tem tal grau de maturidade política, não estão dispostas a pactuar nada, ao menos de forma que se mantenha igualdade interna no partido.
Assim, o PT ficará a cada eleição lambendo as próprias feridas, dourando a pílula e bradando ser Maceió “a capital bolsonarista do Nordeste” – o que um misto de preguiça de fazer avaliação política com dourada de pílula sobre a atuação do PT – ou que o partido não cresce porque “Renan Calheiros não deixa”, repetindo a também preguiçosa avaliação da correlação de forças local, que serve de veneno da imprensa, sempre ávida pela cizânia, e da oposição ao PT.
Ou superamos isso e passamos a elaborar e pôr em prática um projeto coletivo de partido, ou o PT em Alagoas deverá seguindo o próprio rabo.
(Como militante do PT em Alagoas há cerca de 20 anos, me sinto no direito de comentar esse assunto publicamente, até por que um agente por aí, que nada tem a ver com o PT, tem falado sobre partido. Então por que eu não poderia?)