sexta-feira 22 de novembro de 2024

Morre Elenilma, filha de Dona Pureza do Flexal, mais uma vítima da Braskem

Para movimento de vítimas da mineração, este caso evidencia a urgência de uma responsabilização concreta e efetiva da empresa

21 de novembro de 2024 8:38 por Da Redação

Em memória de Dona Pureza | Reprodução

Depois de uma longa luta pela vida no Hospital Geral do Estado (HGE), morreu aos 42 anos Elenilma Silvestre de Souza. Ela era filha de Maria Tereza da Paz, conhecida como Dona Pureza, de 62 anos, moradora dos Flexais vítima da Braskem que tirou a própria vida no último dia 31. Pureza se envenenou, envenenou o gato de estimação e a filha, que sobreviveu e acabou não resistindo após 22 dias de internação.

Dona Pureza deixou uma carta onde responsabiliza a mineradora – que destruiu o bairro onde ela devido à extração de sal-gema – pelo ato. “’Preta’, como era conhecida, sua mãe, e o gatinho de estimação ingeriram veneno em circunstâncias que ainda chocam a todos pela gravidade e pela denúncia que envolve a Braskem, apontada por Dona Pureza como responsável por esse trágico episódio”, diz nota de pesar emitida pelo Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB).

O documento prossegue:

Dona Pureza, uma das tantas vítimas do crime ambiental provocado pela Braskem, carrega um histórico de sofrimento e descaso institucional. A ligação entre as condições de vida impostas pela devastação de bairros inteiros em Maceió e o impacto na saúde mental das pessoas atingidas não pode ser ignorada. A precariedade, o desamparo e a ausência de reparação justa têm gerado cicatrizes profundas nas famílias que perderam tudo: suas casas, suas comunidades e, em muitos casos, sua dignidade.

Para o MUBV, este caso evidencia a urgência de uma responsabilização concreta e efetiva da Braskem, “tanto pelos danos ambientais quanto pelas consequências humanas que continuam a se desdobrar. É inadmissível que os atingidos sigam sofrendo, física e emocionalmente, sem que medidas sejam tomadas para oferecer suporte integral e imediato”.

As lideranças do movimento manifestaram o desejo de que este caso mobilize todos para exigir que nenhuma outra vida seja perdida em decorrência desse descaso:

A morte de Pretinha não pode ser apenas mais um número em uma estatística. Deve ser um grito por justiça, uma convocação para que a sociedade, o poder público e a imprensa não fiquem em silêncio diante de tamanha violência social.

Leia mais: Moradora dos Flexais tira a própria vida e deixa carta responsabilizando a Braskem

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