18 de dezembro de 2020 9:36 por Da Redação
O Governo Federal divulgou o plano para vacinar a população contra a Covid-19 e de acordo com o Ministério da Saúde, o processo será centralizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a doença é um documento com diretrizes que tem objetivo de apoiar os Estados e municípios no planejamento e organização da vacinação.
E, por isso, tivemos um bate papo exclusivo com a médica infectologista, Raquel Stucchi, para comentar pontos específicos dessa proposta. Raquel também é professora doutora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Com a apresentação do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, ficou comprovado que ainda não é um plano definitivo e que não responde a muitas perguntas sobre como realizar a campanha de vacinação. A opinião da médica infectologista é de que “na verdade é o início de uma organização com algumas diretrizes que precisarão ser mais detalhadas nas próximas semanas. Mas o plano já dá uma indicação de como será a vacinação contra a Covid-19, o que é um avanço neste momento tão tumultuado sobre a situação do Brasil em relação a essa doença”, afirmou.
Há meses o Governo Federal tem se posicionando no sentido de que vai prestar toda colaboração para que a vacina seja realizada, o que o plano deixa claro é que a logística de distribuição de vacinas vai ser feita da mesma forma como todas as campanhas elaboradas pelo Programa Nacional de Imunizações. Em vista disso, a médica infectologista acredita que o papel dos municípios no plano de vacinação seguirá exatamente igual ao que se faz há anos.
“Os municípios precisam dimensionar o tamanho da sua população prioritária e avaliar qual a sua condição atual para fazer a vacinação. A partir disso elaborar estratégias como: estender o horário de funcionamento dos postos de saúde, além de quantificar as seringas e agulhas que precisarão ser usadas nessa ação”, explicou Raquel Stucchi.
O planejamento da vacinação nacional está orientado em conformidade com o registro e licenciamento de vacinas, que no Brasil é de atribuição da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), conforme Lei nº 6.360/1976 e outros regulamentos técnicos. Diante disso, fica o questionamento se a aprovação das vacinas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) pode ser um obstáculo para uma efetiva imunização no Brasil.
Para a professora, é exatamente o contrário “é a validação da Anvisa que nos dá segurança para que a vacinação seja realizada em massa na população brasileira. Por isso é fundamental ter essa análise e a aprovação da Agência, uma vez que é o órgão responsável por essa verificação no Brasil”, destacou.
Segundo o plano brasileiro, o início da vacinação está previsto para fevereiro de 2021. Isso deixa 4 meses para vacinar todos os grupos prioritários e, em seguida, 12 meses para imunizar o restante da população. Desta maneira, a médica acredita que esse tempo pode ser suficiente para a imunização contra a Covid-19, mas “tudo vai depender dos acordos firmados com os produtores de vacinas. E nisso cabe destacar que nós talvez sejamos o País mais atrasado na formalização de acordos para compra de vacinas”, comentou.
Sobre a necessidade do imunizante precisar de 2 doses tomadas em um intervalo de tempo para fazer efeito e se isso pode gerar dificuldade na imunização, a especialista explicou que “a vacina ideal seria a de dose única e com benefícios como: quantidade suficiente e proteção de forma prolongada. Mas, infelizmente, não temos uma vacina assim. O sucesso da imunização também é responsabilidade dos estados, municípios e população”, avaliou.
Por fim, em relação à exigência de assinatura do termo de responsabilidade para quem tomar a vacina com status de uso emergencial, a médica acredita que isso seja desnecessário. “Um documento desse tipo não justifica. Mesmo as vacinas em uso emergencial, aprovadas pelos órgãos regulatórios, são certificadas de sua segurança. É diferente de alguém que resolve participar de um teste para uma vacina que está chegando, o que não é o caso. O que pode fazer sentido, para o Governo exigir um termo de responsabilidade, é um documento assinado pelos cidadãos que se recusam a tomar a vacina ou que não adotam as medidas de prevenção, afirmando que se ficarem doentes não vão ocupar leitos de hospitais”, declarou.
Fonte: Brasil 61