terça-feira 26 de novembro de 2024

DOS LIVROS QUE LI

4 de janeiro de 2022 10:24 por Mácleim Carneiro

Imagem: Reprodução

GRACILIANO EM VIÇOSA (Sidney Wanderley e Júlia Cunha)

O escritor e poeta Sidney Wanderley tem aprimorado a arte da equação das relações literárias equivalentes (o que me faz lembrar do seu maravilhoso poema Inequação), ou seja, sabe, com perfeição, ajustar sua prosa à prosa de outros autores sob o seu crivo. Sidney já havia usado esse artifício em ‘Notas Sobre Leituras’, lançado em 2018. Nele, teceu com absoluta maestria o que arrazoou sobre o que leu ao longo de dois anos, numa trama muitíssimo bem-urdida, entre autores de sua preferência, filtrados e peneirados na bateia singular do viçosense arretado!

Dessa vez, para deleite dos apreciadores de sua verve literária, o aedo sem lira, da beira do Paraíba, nos brindou com ‘Graciliano em Viçosa’, um livro imprescindível ao leitor atento ao que é bom! Escrito a quatro mãos, com a mestranda em literatura Júlia Cunha, Sidney amplia o foco sobre os 11 anos em que Graciliano Ramos viveu em Viçosa, numa pesquisa acurada e deliciosamente reveladora de personagens e coisas da meninice do ícone alagoano. Como se não bastasse o enfoque histórico, inclusive pondo em xeque alguns biógrafos do Mestre Graça, Sidney recheia os mais de 30 capítulos com causos geniais e divertidíssimos, onde o riso não carece ser contido e corre frouxo, por parágrafos de puro deleite!

De tal modo, generosamente, ficamos sabendo sobre as filmagens de São Bernardo, o filme de Leon Hirszman, rodado em Viçosa, que, para a nossa sorte e em prol da literatura caeté, ceifou definitivamente a pretensa carreira rumo a Hollywood, do nosso querido Sidney Wanderley. Porém, lhe proporcionou provar o néctar da vingança, não do diretor, mas do desdém dos colegas, que “momentaneamente tinham-se na conta de Maistroiannis e Delons”.

Preciosidades, como o artigo do folclorista José Aloísio Brandão Vilela, sobre o livro Caetés, que, por sua vez, gerou uma carta de agradecimento do Mestre Graça, estão entre os tesouros que encontramos em ‘Graciliano em Viçosa’. Como oferta final, temos o ensaio “O declínio da narrativa e a perda da experiência em Infância”, onde Julia Cunha, com o auxílio teórico do alemão Walter Benjamin, entre outros, amadurece a infância de ‘Infância’, o livro, numa narrativa quase que sem o visgo do quadradinho acadêmico. Por tanto, eis um livro para começar o ano inteligentemente! E, com a devida permissão do poeta, parafraseando versos do poema Inequação, eu diria: não se entra e sai deste livro, como se sai da amada: em nós algo se acrescenta, ou em nós algo há que falta.

No +, MÚSICABOAEMSUAVIDA!!!

Please follow and like us:
Pin Share

Mais lidas

Polícia científica identifica digitais de suspeitos em brigas entre torcedores de CSA e CRB

4 de janeiro de 2022 10:24 por Mácleim Carneiro Uma perícia realizada pelo Instituto

Cultura reúne artistas musicais para novo cronograma do 6º Festival Em Cantos de Alagoas

4 de janeiro de 2022 10:24 por Mácleim Carneiro A Secretaria de Estado da

TRE proíbe motorista de aplicativo de colar adesivo de candidatos

4 de janeiro de 2022 10:24 por Mácleim Carneiro Veículos cadastrados em aplicativos de

Eleições 2024: cresce em 78% o número de eleitores menores de 18 anos

4 de janeiro de 2022 10:24 por Mácleim Carneiro Por Iram Alfaia, do portal

Eleitores vítimas da Braskem são orientados a buscar novos locais de votação

4 de janeiro de 2022 10:24 por Mácleim Carneiro A mineração predatória que a

4 de janeiro de 2022 10:24 por Mácleim Carneiro   Dados de Projetos Esportivos

Senador vê desprendimento na renúncia de Joe Biden

4 de janeiro de 2022 10:24 por Mácleim Carneiro O senador alagoano Renan Filho

Técnicos da Ufal avaliam proposta do governo para por fim à greve que pode chegar

4 de janeiro de 2022 10:24 por Mácleim Carneiro   O Sindicato dos Servidores

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *