quarta-feira 27 de novembro de 2024

Sebastião Barbosa, advogado e militante político

9 de agosto de 2020 9:59 por Geraldo de Majella

O empresário Antonio Moreira e o advogado Sebastião Barbosa

O advogado Sebastião Barbosa de Araújo [1935-1980] nasceu em Anadia (AL), no dia 13 de abril de 1933. Filho do tabelião João Sapucaia de Araújo e de Vicentina Barbosa de Araújo. Casou-se em primeiras núpcias com Benedita Cavalcante Pedrosa de Araújo, professora do antigo curso primário. O casal teve quatro filhos: João Sapucaia de Araújo Neto [1955], Réa Sílvia Pedrosa de Araújo [1957], Maria Elizabete Pedrosa de Araújo [1959] e Maria Heloísa Pedrosa de Araújo [1961].  Casou-se em segundas nupcias com Ione Maria Barbosa, o casal teve uma filha, Seone Barbosa de Araújo (1980).

Estudou os primeiros anos no Grupo Escolar Ruy Barbosa, na centenária cidade de Anadia; fez o curso secundário em Maceió, no Colégio Guido de Fontgalland. Ao ser aprovado no vestibular de Direito no Rio de Janeiro, cursou os primeiros anos na Universidade do Brasil; regressou a Alagoas e concluiu o curso na Faculdade de Direito de Alagoas. Iniciou como advogado em Anadia e região; em 1961, filiou-se ao Partido Social Progressista (PSP) e se candidatou a deputado estadual. O PSP, em Alagoas, era dirigido pelo governador Sebastião Marinho Muniz Falcão. Não conseguiu se eleger, ficando na primeira suplência. Em 1º de abril de 1964, quando aconteceu o golpe militar, Sebastião Barbosa estava no exercício do mandato, já que o deputado Pedro Temóteo se licenciara para tratamento médico.

Suas relações políticas desde os tempos em que era estudante secundarista no Colégio Guido de Fontgalland eram essencialmente com os grupos de ativistas de esquerda, alguns independentes e outros vinculados ao Partido Comunista Brasileiro – PCB, organização que pouco tempo depois passou a integrar. Os seus companheiros de juventude comunista (UJC), organismo do PCB, são José Moura Rocha e Murilo Vaz.

O comandante do 20º BC, tenente-coronel Carlindo Rodrigues Simão, no dia 27 de abril de 1964 enviou o ofício nº 1, ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado Lamenha Filho, solicitando a cassação do mandato dos deputados Cláudio Albuquerque Lima (PDC) e dos suplentes Sebastião Barbosa de Araújo (PSP) e Jayme Amorim Miranda (PSP). Consta do documento: “está no conhecimento público e mesmo constatado através de investigação levada a efeitos por uma Comissão de Inquérito, a cargo do 20º BC e da Secretaria do Interior e Segurança Pública, a participação em atividades subversivas, particularmente no Sindicato Rural de Anadia, fundado por elementos reconhecidamente comunistas, entre os quais figuram Nilson Miranda e Rubens Colaço”.

Fotografia feita pela Dops, em 1964
Fotografia feita pela Dops, em 1964

A ordem do comandante do 20º BC foi apreciada em menos de 24 horas, e os deputados votaram pela cassação do mandato dos parlamentares. Os três políticos, além dos mandatos cassados, tiveram os direitos políticos suspensos por dez anos, pelo Ato Institucional nº 2, de 9 de abril de 1964. As anotações feitas pela Dops ressaltam, entre outras atividades, a de apoiar “comícios e greves programadas pelos sindicatos e pelo CGT; foi preso e indiciado em IPM”.

Quando saiu da prisão política, além de se defender do IPM a que passou a responder na 4ª Auditoria Militar, em Recife, voltou a advogar, em Anadia, Maceió e Arapiraca.

Sem mandato parlamentar e os direitos políticos suspensos, restaram-lhe atividades discretas em Anadia, como articular o apoio de aliados para o candidato a governador da oposição, Muniz Falcão, em 1965. Nas eleições de 1970, apoiou os candidatos ao Senado, Aurélio Viana (MDB) e Mendes de Barros (MDB), ambos derrotados pelos ex-governadores Luiz Cavalcante e Arnon de Mello. Em 1974, o apoio foi para o candidato a deputado federal José Costa (MDB) e, para o Senado, Pedro Marinho Muniz Falcão. Nas eleições de 1978, com os direitos políticos recuperados, fez abertamente as campanhas de José Moura Rocha (MDB) para senador e do deputado federal José Costa, participando de comícios.

Essa era a atividade política legal; na clandestinidade, manteve ligações com a direção estadual do PCB, até a desarticulação do partido, em 1973. Em 1979, com a anistia e o retorno do exílio do ex-vereador Nilson Miranda, reintegra-se ao PCB. Em 1980, na sua residência, é realizada a primeira reunião formal para reestruturar o partido. Poucos dias depois, na tribuna do tribunal do júri, em Arapiraca, morre de infarto fulminante, aos 45 anos de idade, no dia 02 de dezembro de 1980.

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