4 de março de 2024 10:21 por Geraldo de Majella
Por Geraldo de Majella
Muito já foi dito e escrito sobre o senador Renan Calheiros (MDB) e muito, ainda, será dito pelo que representa no Congresso Nacional. A militância de esquerda do senador alagoano na juventude – hoje mais distante – serve como aprendizado utilizado na sua longeva atividade parlamentar como poucos tiveram no Senado Federal.
Ele tem blocos de aliados e partidários, tem os adversários e até inimigos. O fato é que nenhum desses blocos desconhece a capacidade política de Renan Calheiros e o seu “instinto de sobrevivência” na adversidade. Entrando no terreno puramente subjetivo: ninguém conhece a alma dos seus pares quanto ele.
O pulso da CPI da Braskem foi sentido antes da instalação dos trabalhos. O governo, a bancada baiana, a bancada alagoana em sintonia com a presidência da Braskem atuaram para derrotar Renan Calheiros negando-lhe a relatoria.
Observando como todos os alagoanos e brasileiros, à distância, e assistindo o discurso do senador denunciando o golpe e se retirando da CPI, avaliei a atitude como um erro. Conversando com pessoas que atuaram próximo ao senador, revejo a minha posição.
A composição da CPI é de 11 membros. A maioria, ou seja, nove, é constituída por senadores da bancada da Braskem. Dois são independentes.
Livre das amarras da CPI, ao se retirar, o senador denunciou que “mãos ocultas, mas visíveis, me vetaram na relatoria”. No momento seguinte, Calheiros passou a ser cotejado pelos colegas senadores para reconsiderar a sua posição sem êxito.
A estratégia mudou, já que a relatoria lhe escapou às mãos. O cálculo político será de outra ordem, a possibilidade de atuar na condição de atirador de alta precisão, um sniper, para uns, ou ombudsman para outros.
O tempo lhe temperou – analisando as suas mudanças de posições em 40 anos de carreira. A frieza e agilidade mental para calcular o momento de atacar e de recuar. Esses movimentos são calculados, assim se espera da raposa política que mira a CPI sem romper com o governo Lula. Aliás, ao ser perguntado, procurou isentar o presidente Lula e debitou o golpe da relatoria nas contas dos senadores Jaques Wagner (PT) e Otto Alencar (PSD).
Nos próximos 90 dias, veremos um Renan Calheiros atuando na condição de sniper ou ombudsman da CPI da Braskem?
A minha preferência é pelo modo sniper de atuação.