20 de abril de 2024 11:21 por Da Redação
Por Neirevane Nunes*
O apagamento da existência dos afetados por crimes socioambientais é uma forma de perpetuar a injustiça e a impunidade. A Braskem, assim como outras grandes corporações como a Vale e Samarco, trabalham, constantemente, no projeto de apagamento da existência das pessoas atingidas por seus danos ambientais e sociais. Isso acontece de diversas formas:
Pela negação da existência do problema
A Braskem paga para sustentar a narrativa de que o que aconteceu em Maceió foi um “evento geológico” e não resultado de uma sucessão de crimes socioambientais causados por ela, a Braskem não é tratada como empresa infratora, mas como grande colaboradora do poder público. A Braskem contratou a Diagonal e a Tetra Tech para produzirem diagnósticos para, simplesmente, negar a realidade. Ambos os diagnósticos atestam que não há evidências suficientes para atribuir a Braskem os danos que são denunciados por suas vítimas.
Pelo subdimensionamento dos impactos causados por ela
A Braskem desde o início usa a estratégia de minimizar a gravidade dos danos causados, subdimensionando a área afetada e o número de pessoas atingidas.
Pela desqualificação de trabalhos técnicos que confrontam seus argumentos
A Braskem e as instituições que respaldam suas ações buscam desqualificar especialistas e trabalhos técnicos que constatam a realidade dos fatos e demonstram a magnitude dos danos causados por ela.
Pela deslegitimação das vozes das vítimas
As vozes das pessoas afetadas muitas vezes são desacreditadas ou deslegitimadas, e varias lideranças sofrem perseguições, seja através de ataques pessoais, retratando-as como oportunistas ou mentirosas, ou questionando sua credibilidade e ainda deslegitimando movimentos de resistência na luta por reparação justa.
Pelo silenciamento por meio de pressão legal ou econômico
A Braskem usa de influência econômica, política e institucional para coagir e intimidar as pessoas afetadas por ela, forçando a aceitar uma condição de violação extrema de direitos como é o caso das comunidades condenadas a viver numa situação desumana nas bordas do mapa de risco como Bom Parto, Flexais, Quebradas, Marques de Abrantes, Vila Saem e outras.
Pela falta de transparência e acesso à informação
A Braskem omite e restringe o acesso à informação sobre os reais danos ambientais e sociais. Além de investir na publicidade de maquiagem dos fatos. Ela possui grande influência sobre a imprensa, principalmente a imprensa local, mantendo o controle sobre o que é veiculado, a forma e o momento em que as informações devem ser repassadas para a população
Pela falta de responsabilização e justiça
A leniência e a letargia das instituições envolvidas de responsabilizar a Braskem legalmente pelos seus crimes, leva aos apagamento das vozes dos afetados com a continua impunidade.
*É bióloga e doutoranda do SOTEPP/UNIMA