sexta-feira 25 de outubro de 2024

Parte do governo Lula não entende TV pública, diz presidente da EBC

Segundo ele, muitos não entendem a missão da estatal de fazer comunicação pública, e não propaganda do governo
Hélio Marcos Prates Doyle | Joedson Alves/Agência Brasil

Por Guilherme Amado e Eduardo Barretto, do Metrópoles

O presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Hélio Doyle, afirmou que parte do governo Lula não entende a missão da estatal de fazer comunicação pública, e não propaganda do governo. Em entrevista à coluna, Doyle disse que, ao contrário do governo Bolsonaro, a empresa não terá uma lista de assuntos proibidos, e que atuará com liberdade.

Doyle citou que recebeu uma reclamação recentemente sobre uma notícia publicada pela Agência Brasil, veículo de notícias online da EBC. Ele não mencionou o nome, mas afirmou que um ministro ficou aborrecido com a reportagem.

“Recentemente, a Agência Brasil publicou uma matéria que desagradou um ministro. Na verdade, a matéria não se justificava em termos de Agência Brasil. Era matéria de bastidor. A gente não pode trabalhar, numa emissora pública, com ‘fulano disse’. Mas o comportamento da assessoria do ministro foi como se estivéssemos infringindo algo. A matéria não era boa, eu como editor não publicaria aquela matéria, mas não é porque ela mexe com o ministro. É porque ela não fazia sentido”.

Para Doyle, essa incompreensão da separação entre cobertura de caráter público de um lado e governamental do outro é natural, e ressalvou que Lula tem clareza sobre o assunto. Sob Jair Bolsonaro, a EBC juntou as duas coberturas, o que levou a estatal a focar seu trabalho na propaganda do governo. Agora, essa divisão foi retomada.

“Quando você mistura a comunicação pública com a governamental, você acaba muitas vezes usando a EBC para fazer propaganda de governo”, afirmou o jornalista. Questionado sobre a lista de termos censurados na empresa durante o governo Bolsonaro, quando a EBC era comandada por generais, Doyle disse que os jornalistas da casa terão liberdade para trabalhar, mas ponderou que o processo de edição jornalística pressupõe a seleção de conteúdos.

“Não vamos vetar nada, não vai ter nada proibido. Mas o editor tem o direito de fazer sua escolha, não quer dizer que é censura. Edição não é censura. Queremos fazer o jornalismo correto, ouvir os dois lados, checar a informação”.

Doyle também falou sobre os projetos da EBC para a programação de esportes, citou dois novos comentaristas que a empresa tenta contratar, disse que a estatal agora tem TVs em todas as capitais e adiantou que ela dobrará sua presença nas rádios.

“Não queremos novelas da Record”

O presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Hélio Doyle, afirmou que a estatal não comprará mais novelas da Record, rompendo uma prática do governo Bolsonaro. Em entrevista à coluna, Doyle disse que a empresa está em busca de produções internacionais na dramaturgia.

No governo Bolsonaro, a EBC abriu os cofres para a Record, emissora de Edir Macedo, bispo da Igreja Universal e apoiador do então presidente. Comprou a obra bíblica “Os dez mandamentos” por R$ 3,2 milhões, além de “Escrava Isaura”.

“A Globo não vende novelas. Ela mesma já faz a retransmissão no “Vale a pena ver de novo” e no canal Viva. Da Record, não queremos comprar. São aquelas novelas bíblicas. A Band vende caro e não tem nada bom. Então estamos fazendo uma prospecção no exterior. Estamos avaliando BBC, Deutsche Welle, produções mexicanas e argentinas”.

O jornalista afirmou que busca aumentar a audiência da TV Brasil, e reconheceu que novelas e esportes representam um naco importante de público para a empresa.

“Na TV aberta, temos a quinta audiência do país, estamos na frente da RedeTV!. Mas é pouco, não estamos satisfeitos. Queremos uma novela que cause impacto, vamos fazer promoção, estamos atrás de esportes, vamos voltar com o Sem Censura de tarde. Nesta semana passamos a transmitir para as 27 capitais”.

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