quarta-feira 23 de outubro de 2024

Hitler reencarnou em Israel

Um autêntico apartheid, sujeitos a ocupação militar, cerco, bloqueio e lei marcial, não apenas resultado de um governo de extrema direita nem do fracasso da solução dos dois Estados, senão produto de um projeto sionista de limpeza étnica
Reprodução

Por Carlos Pronzato*

O extermínio ininterrupto contra os donos da terra ocupada por Israel desde 1948 parece não ter fim. O horizonte continua cheio de sangue árabe – e também, em pequena proporção, sangue judeu -, já que não há população alguma que não se levante diante de tanto martírio como o que o povo palestino vem sofrendo há mais de um século, quando os britânicos iniciaram o processo da invasão judaica e o extermínio do povo que habitava essas terras. Principalmente agora, após as recorrentes respostas palestinas, respostas que vão das Intifadas (1987-1993) com pedras e estilingues à recente invasão organizada pelo Hamas, a mais letal ação de insurgência desde a guerra do Yom Kippur (1973) que tem como causa fundamental a opressão cotidiana na maior prisão a céu aberto do mundo (Gaza) e o roubo das suas terras para instalação de colonos judeus a mando do Estado de Israel, processo iniciado na Declaração Balfour.

Em novembro de 1917, o ministro das Relações Exteriores do Império Britânico, Arthur Balfour, prometeu ao líder da comunidade judaica no Reino Unido “estabelecer na Palestina um lar nacional para o povo judeu” num território que era ocupado num 90% por palestinos junto a uma minoria judaica. Depois de derrotar o Império Otomano que tinha aquela região sob o seu mando, o mandato britânico foi estabelecido em 1923 e durou até 1948, ano da criação do Estado de Israel. Durante todos esses anos, os britânicos incentivaram a imigração judaica em massa, a maioria fugindo do nazismo que dominava a Europa, confiscando as terras palestinas.

Até o momento em que escrevo estas linhas, o bombardeio atual, de um dos exércitos melhor preparados e com uma das maiores industrias bélicas mundiais – e o contínuo apoio do maior exército do mundo, o dos EUA – já matou 2.269 palestinos, incluindo 724 crianças, além de 9.814 feridos e mutilados. Uma espantosa realidade em contínuo crescimento. Como disse a pesquisadora Sandra Tamari: “Os palestinos foram forçados a suportar políticas de expulsão e apropriação de terras durante mais de 70 anos”.

Um autêntico apartheid, sujeitos a ocupação militar, cerco, bloqueio e lei marcial, não apenas resultado de um governo de extrema direita nem do fracasso da solução dos dois Estados, senão produto de um projeto sionista de limpeza étnica. Felizmente há históricos intelectuais judeus nas fileiras do Movimento Antissionista – oposição ideológica dentro do sionismo – que defendem a desocupação dos territórios palestinos, uma questão jamais frequentada pelos meios informativos hegemônicos. Uma luz de dignidade perante tantas décadas de terror contra o povo palestino, o maior e mais longo holocausto contemporâneo diante dos olhos de quem quiser ver.

*É cineasta, diretor teatral, poeta e escritor. Sócio do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB)
carlospronzato@gmail.com

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