19 de outubro de 2023 4:40 por Geraldo de Majella
A menos de 100 metros da sede da Prefeitura de Maceió, onde fica o gabinete do prefeito JHC, no histórico bairro portuário de Jaraguá, fica uma Estátua da Liberdade, talvez, o monumento mais importante da cidade de Maceió. Escondida, muitas vezes foi vilipendiada por vândalos.
O prefeito de Maceió viajou a Paris, onde cumpre agenda institucional, incluindo a formalização de uma parceria com o Departamento de Cooperação Cultural Internacional pelo resgate e preservação do patrimônio histórico de Maceió.
“O governo francês será parceiro da arte e cultura maceioenses. Com apoio também da Ufal vamos reunir todo nosso acervo para reestruturar e enriquecer os nossos museus. Esperamos entregar mais esse legado para nossa cidade, compartilhando nossa história, cultura e arte com o Brasil e o mundo”, declarou JHC.
A Estátua da Liberdade é uma produção da Fundição Val d’Osne e obra de Frederic Auguste Bartholdi, o consagrado escultor que fez a maior de todas, localizada em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
Monumentos orgulham Maceió
O prefeito JHC, provavelmente, deve ter visitado o famoso museu d’Orsay, em Paris. Lá, está uma das três replicas da Estátua da Liberdade. A quarta é a que temos na nossa cidade e pouco valorizamos. É necessário investir na conservação do patrimônio histórico e cultural da cidade. O que dispomos mesmo que maltratado, ainda, assim é motivo de orgulho da nossa história.
É provável que JHC não tenha o exato significado do trabalho realizado pelo extraordinário artista plástico alagoano Rosalvo Ribeiro (1865-1915) na cidade de Maceió na primeira década do século 20. Rosalvo Ribeiro é o principal responsável pela vinda da Estátua da Liberdade para Maceió. A estátua chegou em 1904, quando a cidade passava pelo processo de modernização e de urbanização.
Rosalvo Ribeiro estudou na Imperial Academia de Belas-Artes, no Rio de Janeiro, e passou uma temporada de 12 anos na França, onde continuou os estudos, primeiro na Academie Julien e depois na École des Beaux Arts, na qual conheceu grandes artistas, inclusive Frederic Auguste Bartholdi.
As praças e largos foram reformadas durante os governos de Euclides Vieira Malta e do seu irmão Joaquim Paulo Vieira Malta, entre 1900 e 1912. Dois profissionais foram responsáveis pelas mudanças urbanísticas de Maceió: o arquiteto italiano Luigi Lucarini e o artista plástico Rosalvo Ribeiro.
Lucarini, responsável pelas obras e pelos projetos arquitetônicos, e Rosalvo Ribeiro contratado para que realizasse os projetos urbanísticos das principais praças: Deodoro, Dom Pedro II, Martírios e a Dois Leões.
Existem, no bairro de Jaraguá, mais de 100 itens adquiridos pela Prefeitura de Maceió, na administração da prefeita Kátia Born, durante o período de revitalização do bairro. Os postes com as luminárias foram adquiridos na tradicional Fundição Val d’Osne, além das esculturas do tigre, lobo, leão e o javali que ornamentam a praça Dois Leões, como ficou conhecida a antiga praça general Lavenère Wanderley.
A escultura do Javali foi vandalizado em abril de 2021 e ainda não foi restaurada para voltar ao seu lugar de destaque na praça. A praça Deodoro tem mais quatro esculturas de animais com a mesma origem.
Além de Jaraguá
O bairro de Jaraguá ponte ser o ponto de partida pela quantidade e pelo significado das construções, mas, ainda temos todo o sitio histórico do Centro, Rua do Comércio, as praças Deodoro, dos Martírios, Dom Pedro II, Montepio dos Artistas.
Quanto aos profissionais para trabalhar na preservação do patrimônio que tem na cidade não é necessário procurar na França. Há, em Alagoas, arquitetos, historiadores, arqueólogos, restauradores com experiência suficiente e que já restauraram Jaraguá e outras cidades.
O prefeito JHC precisa ouvir os profissionais, pesquisadores que trabalham vizinhos ao seu gabinete, o Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) e, claro, a única técnica que a gestão dispõe para cuidar do patrimônio municipal tombado que é muito significativo na área central de Maceió. Sem deixar de recorrer à Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
Paris é uma cidade bonita porque tem sido preservada e continuará sendo, os motivos são diversos e estão alinhados, a preservação do patrimônio histórico é um ativo econômico fundamental para a cidade, a mais diversas expressões culturais, atrai dezenas de milhões de turistas anualmente. Mas tem a gastronomia que é outro bem coletivo da cidade e que o mundo reverencia.
O que fazer com Maceió? Essa é a pergunta que vale 1 milhão de euros.
