3 de novembro de 2023 1:55 por Da Redação
Em Alagoas, a venda e o uso de agrotóxicos ocorrem sem responsabilidade técnica, pondo em risco a saúde da população que consome os alimentos contaminados e as famílias que utilizam a água do Canal do Sertão. A denúncia foi feita pelo engenheiro agrônomo Reinaldo Falcão durante audiência pública realizada na quarta-feira (1º), na Câmara de Vereadores de Maceió. O debate contou com a participação da sociedade civil, do setor público e movimentos sociais, como o Movimento Sem Terra (MST).
Ele cobrou o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea-AL) e a Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas (Adeal), que enviaram representantes à audiência, para que estabeleçam campanha de conscientização dos profissionais. E para que fiscalizem o exercício da profissão e o uso desses produtos no nosso estado, incluindo a venda indiscriminada nos municípios.
“Nós temos hoje, em Alagoas, um rio a céu aberto sendo construído, que é o Canal do Sertão. Canal que começamos a acompanhar para alertar que não ocorra o que hoje temos em Petrolina, Pernambuco, onde muitas pessoas morrem envenenadas, pois é uma grande área do agronegócio sem controle do agrotóxico sendo vendido. Esse modelo começa [a se formar em Alagoas]e a gente tem que se preocupar desde agora”, alertou.
Reinaldo denunciou que na maioria das cidades próximas do canal, é notada a instalação de pequenas lojas de produtos de agrotóxicos sem responsabilidade técnica. “É bom dizer, vendendo e colocando naqueles pequenos [agricultores]que já estão plantando na beira do canal, sem assistência técnica”, afirmou.
Os riscos para as pessoas que utilizam a água do Canal do Sertão também é alto. “Quando chega da aplicação no canal secundário, lá no canal terciário, o quarto canal menor, lá na frente, a mulher muitas vezes está lavando a louça de casa, a criança está tomando banho ou está lavando a roupa. E o pulverizador foi lavado lá na frente por uma pessoa que muitas vezes não foi capacitada, não foi treinada, não foi orientada para aplicação”, lamentou.
Denúncias não são devidamente apuradas
O engenheiro agrônomo e agricultor Ricardo Ramalho lembrou de um caso ocorrido em Joaquim Gomes, que atingiu 8 hectares de uma área de fruticultura. “Até hoje, nenhum agrônomo conseguiu detectar a responsabilidade por esse crime e a família, que é de agricultores familiares, ficou prejudicada por conta dos danos que essa pulverização criminosa causou”, destacou.
Segundo Ramalho, muitas denúncias sobre uso irregular de agrotóxicos são feitas em Alagoas, porém, não são devidamente apuradas. Ele defende uma conscientização dos agricultores para mostrar que existem caminhos de transição viáveis para a sociedade, aos poucos se livrar dos agrotóxicos.
A audiência pública foi uma iniciativa da vereadora Teca Nelma, que falou sobre a importância da discussão. “Acreditamos que, assim como no Ceará, Maceió pode avançar na discussão acerca da proibição dos agrotóxicos, visando estabelecer políticas públicas que promovam a alimentação saudável como um direito fundamental”, afirmou a parlamentar.