Por Ana Luiza Figueiredo, do Olhar Digital
Além das atualizações de design, a plataforma de vídeos YouTube está lançando um novo recurso que identifica se um vídeo foi capturado por uma câmera real e se o conteúdo de áudio e vídeo não foi alterado. O novo rótulo “gravado com uma câmera” já está ativo e pode ser conferido no canal da Trupic, uma empresa de autenticação digital de conteúdo, que divulgou o primeiro vídeo com Credenciais de Conteúdo C2PA na plataforma.
O YouTube utiliza o padrão C2PA (Coalition for Content Provenance and Authenticity) para verificar a autenticidade dos vídeos enviados, o que significa que o recurso funciona apenas com dispositivos e ferramentas que suportam metadados compatíveis. De acordo com a página de ajuda do YouTube, o rótulo indica que o criador do conteúdo utilizou tecnologia específica para verificar a origem do vídeo e confirmar que o áudio e as imagens não foram alterados.
Sherif Hanna, o Líder de Produto C2PA no Google com passagem pela Truepic, comentou o novo recurso na rede social Threads. “Este é um dia pelo qual muitas pessoas trabalharam durante muitos anos, e estou muito feliz que finalmente tenha chegado. O suporte para Credenciais de Conteúdo C2PA para vídeos autênticos e não editados no YouTube está oficialmente disponível! Você pode ver as informações em “Como este conteúdo foi feito” abaixo do vídeo”, disse ele na publicação abaixo.
Publicado por @sherifhannaVer no Threads
Para que o rótulo apareça, os criadores devem utilizar ferramentas com a versão 2.1 ou superior do C2PA, o que pode limitar a presença do selo em vídeos na plataforma por um bom tempo.
No ano passado, empresas como a Leica começaram a implementar credenciais de conteúdo em seus dispositivos de hardware, mas ainda não está claro se essas credenciais ativarão os rótulos do YouTube.
Metadados e alterações compatíveis com C2PA
A verificação de autenticidade no YouTube não requer necessariamente que o vídeo esteja completamente sem edições, mas todo o processo deve ser compatível com o padrão C2PA e não comprometer a “cadeia de proveniência” do conteúdo.
Isso significa que, se o vídeo for editado em plataformas que não suportem o C2PA 2.1 ou superior, a origem do vídeo pode se tornar irreconhecível, o que invalida a autenticação. Além disso, qualquer alteração significativa no conteúdo, seja de áudio ou vídeo, que afete sua natureza principal também pode inviabilizar o uso do rótulo.
Em um e-mail enviado ao portal The Verge, o Google afirmou que está “explorando” maneiras de fornecer informações do C2PA aos usuários do YouTube, reforçando seu objetivo de aumentar a transparência sobre conteúdos gerados por inteligência artificial (IA) na plataforma.
Na mesma resposta, a empresa apontou um artigo de seu blog explicando as metas em relação à identificação e clareza no conteúdo editado ou gerado por IA no YouTube.
Transparência no conteúdo gerado por IA
Em resposta à crescente criação de conteúdos gerados por IA, o Google já havia introduzido, no início deste ano, um rótulo para “conteúdos alterados ou sintéticos”. Este rótulo, diferentemente do de autenticação via C2PA, exige que os próprios usuários do YouTube identifiquem se seus vídeos contêm material criado ou manipulado por IA. No entanto, a eficácia desse rótulo depende da honestidade dos criadores ao marcar seus vídeos de forma adequada.
A novidade faz parte dos esforços do YouTube e do Google para aumentar a transparência em relação ao conteúdo que circula na plataforma, especialmente em um momento em que as tecnologias de edição e geração de vídeos avançam rapidamente, dificultando a distinção entre materiais autênticos e manipulados.
- Para os criadores de conteúdo que desejam obter o selo “Gravado com uma câmera”, o YouTube estabelece alguns critérios baseados no padrão de verificação C2PA. Esse selo indica que o vídeo foi gravado de maneira autêntica, sem alterações no áudio ou nos elementos visuais. Veja como garantir que seu vídeo receba essa autenticação:
- Utilize ferramentas compatíveis com C2PA: o criador deve gravar o vídeo usando dispositivos ou softwares que integrem o padrão C2PA, versão 2.1 ou superior. Esses dispositivos adicionam metadados ao vídeo, confirmando sua autenticidade.
- Mantenha a cadeia de proveniência: é essencial que, desde a gravação até a publicação, o vídeo não passe por edições ou plataformas que comprometam os metadados C2PA. Edições em dispositivos que não suportam a versão mínima do C2PA, por exemplo, podem invalidar o selo.
- Evite alterações significativas: para garantir que o selo seja aplicado, evite alterações no conteúdo principal do vídeo, como edições que modifiquem o áudio ou os recursos visuais originais.
Ao seguir essas instruções, o YouTube automaticamente detecta os metadados ao processar o vídeo e inclui a declaração “Gravado com uma câmera” na descrição expandida do conteúdo.
