Um dos mais importantes intelectuais brasileiros de todos os tempos, Antonio Candido (1918 ⎯ 2017) deixou 74 cadernos inéditos ao morrer com 98 anos, além de uma essencial obra publicada. Baseado nos dois últimos desses volumes, o sensível documentário Antonio Candido, Anotações Finais, de Eduardo Escorel, reproduz comentários escritos entre 2015 e 2017 pelo autor a respeito de temas como a passagem do tempo, a fragilidade física, a crise política do país, os gostos literários e musicais e as lembranças sobre a esposa Gilda de Mello e Souza.
O filme que entra em cartaz nesta quinta-feira (17/10) no CineBancários convida o espectador a um passeio por quase um século de memórias, experiências e reflexões a partir de um vasto acervo de fotos familiares e das leituras pelo ator Matheus Nachtergaele, que dá voz aos escritos do sociólogo e crítico literário.
Segundo o diretor e roteirista Eduardo Escorel, o longa surgiu a partir de seu contato com os textos Prós e contras e O pranto dos livros: “No primeiro, Candido revê a luta contra a ditadura do Estado Novo, da qual participou de 1942 a 1945, tendo se associado à opinião liberal contra o que parecia manifestação de fascismo. No outro, ele imagina estar fechado em um caixão à espera de ser cremado, enquanto seus livros choram lágrimas invisíveis”.
Um dos destaques da produção é a eloquente narração de Nachtergaele, que equilibra sobriedade e emoção, evocando a própria figura serena e cativante de Antonio Candido. “Era preciso uma melancolia, mas não uma tristeza. Era preciso uma paixão educada, como é o retratado. É um filme com a melancolia do fim de uma vida, mas com o otimismo de quem acredita no Brasil, ainda”, resume o ator.
Autor de duas dezenas de livros, historiador e teórico da literatura, Antonio Candido
Alinhavando preferências artísticas e culturais, evocações de antepassados, menções à infância no sudoeste de Minas Gerais e recordações da companheira de toda uma vida, Antonio Candido, Anotações Finais é uma porta de entrada para a casa cheia de erudição e afetos de um homem que ajudou a entender melhor o Brasil ⎯ um pensador que ombreia com nomes como Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Jr. e Celso Furtado.
Antonio Candido, Anotações Finais: * * * * *
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