sábado 23 de novembro de 2024

Sindprev: cozinha e lixo do Hospital do Agreste representam risco à saúde pública

8 de junho de 2020 10:51 por Thania Valença

Nem mesmo a divulgação de um vídeo no Youtube, no dia 29 de maio último, revelando o absurdo risco que funcionários e a população usuária dos serviços de saúde do Hospital de Urgência do Agreste, no município de Arapiraca, estão sujeitos, levou o governo do estado a adotar medidas para sanar as graves deficiências mostradas. A denúncia é do Sindprev/AL, que divulgou o vídeo mostrando as condições absolutamente insalubres em que se encontra a cozinha do hospital, e a forma irresponsável como é tratado o lixo hospitalar, fonte de sério risco à saúde pública.

A entidade sindical elaborou amplo relatório, produzido com os dados coletados durante visita realizada pelos diretores Francisco Mata, Valda Lima, Célio dos Santos e Olga Chagas, onde foram constatadas diversas irregularidades. O relatório, entregue ao procurador Luiz Felipe dos Anjos de Melo Costa, do Ministério Público do Trabalho (MPT/AL), mostra da falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) com certificação técnica compatível com o trabalho realizado de combate a pandemia do coronavírus, até fossas estouradas, lixo acumulado, inadequação de alimentos fornecidos aos pacientes e servidores, a outras deficiências. Veja as imagens aqui.

Sem uma Central de Tratamento de Resíduos Sólidos, o lixo do Hospital do Agreste é jogado a céu aberto, criando condições para a contaminação de quem passe por perto e para os moradores do entorno. As imagens foram divulgadas pela entidade de representação dos trabalhadores, como mais uma denúncia sobre a precariedade do sistema de saúde de Alagoas.

Imagens mostraram o lixo hospitalar amontoado no fundo do hospital
Foto: Sindprev/AL

Num momento em que a população enfrenta a pandemia Covid-19, o sindicato alertou, mais uma vez, ao governo, a Justiça,ao Ministério Público e a sociedade alagoana para os riscos de uma tragédia.

Inaugurado em 2003, o Hospital de Emergência do Agreste é referência nas áreas de média e alta complexidade. Sua função é atender vítimas de acidentes de trânsito, de ferimentos por arma de fogo ou arma branca, queimaduras, afogamentos, quedas e envenenamentos. Além dos arapiraquenses, a unidade da rede pública de Saúde atende pacientes de vários municípios do interior de Alagoas.

Seus serviços se estendem até a pacientes de cidades de estados que fazem divisa com Alagoas, a exemplo de Propriá (SE), Bom Conselho (PE) e Paulo Afonso (BA).

Em meados de abril último o governo ampliou o número de leitos de UTI equipados e destinados a casos suspeitos da Covid-19. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), o hospital já dispõe de modernos respiradores, entre outros equipamentos, para atender casos suspeitos da Covid-19.

Porém, apesar dessas iniciativas, nada foi feito para mudar as condições insalubres da cozinha onde são preparadas as refeições de pacientes e funcionários. Sem ventilação, nem refrigeração, a cozinha está com as paredes tomadas por lodo, resultado das precárias condições hidráulicas.

Outro grave problema é o acúmulo do lixo hospitalar nos fundos do hospital, que não dispõe de uma central de resíduos. O lixo gera resíduos biológicos que colocam em risco a vida dos funcionários e da população do entorno do Hospital do Agreste. As imagens divulgadas pelo Sindprev mostram ainda que o sistema de esgotamento sanitário precisa de manutenção urgente. As fossas sépticas estão abertas, exalando mau-cheiro e vazando esgoto.

O outro lado

Em nota, a direção do Hospital esclarece que desde janeiro deste ano foram iniciadas as obras de construção de uma Central de Tratamento de Resíduos Sólidos, cujos serviços estão com mais de 50% dos trabalhos adiantados. A obra foi paralisada por conta da pandemia do novo Coravírus, mas deve ser retomada em breve, diz a nota.

“Em relação ao projeto de reestruturação e modernização do Serviço de Nutrição e Dietética, incluindo a cozinha e outros setores, os engenheiros e técnicos da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) já realizaram todos os levantamentos, no último mês de março, mas devido à pandemia da Covid-19 o início das obras e, também, a destinação dos equipamentos para o setor tiveram de aguardar um período e deverão ser executados nos próximos dias” – acrescenta a direção.

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