sábado 23 de novembro de 2024

Governo quer novas delegacias, mas sindicatos alertam que PCAL tem carência de 2.500 policiais

16 de julho de 2020 12:40 por Thania Valença

Polícia Civil estaria enfrentando carência de pessoal
Foto: Divulgação

Mais uma entidade da área de segurança critica a decisão do governador Renan Filho (MDB), de criar mais duas delegacias especializadas. Depois do Sindicato dos Delegados da Polícia Civil (Sindepol/AL), que disse, por meio de nota, que o governo está criando “o que já existe”, agora é o Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas (Sindpol) que contesta a medida anunciada pelo governador, no último dia 7.

Para os policiais (agentes e escrivães), as delegacias especializadas (crimes contra populações vulneráveis e de investigação de casos de corrupção) propostas por Renan Filho são importantes, mas realizar concurso público e  valorizar os servidores é mais importante nesse momento. O Sindpol alerta para a situação precária da estrutura, e para a falta de efetivo na Polícia Civil de Alagoas. A PCAL, relata o sindicato, tem carência de 2.500 policiais.

Ricardo Nazário, do Sindpol/AL, reclama de descaso com agentes e escrivães
Foto: Tribuna Independente

“Os policiais estão sobrecarregados, porque faltam servidores. A categoria está desmotivada, com salários defasados, ao contrário de outras categorias da segurança pública. O governador anuncia promoção de Policiais Militares, mas para a Polícia Civil é construir prédios”, reclamou o presidente do Sindpol, Ricardo Nazário. Para ele, não há lógica em o governador criar novas delegacias se não têm agentes para trabalhar.

Segundo Nazário, quase um terço dos policiais civis está apto para se aposentar. “As carências na Polícia Civil de Alagoas são de muito tempo. Delegacias funcionando de forma precária e tantas outras fechadas por falta de efetivo na Capital e interior” – acrescenta o dirigente sindical.

Ele reclama ainda que o governador Renan Filho não valoriza agentes e escrivães. Como exemplo desse descaso, o presidente do Sindpol lembra que o governo criou um Serviço Voluntário apenas para delegados.

“O governo de Alagoas deveria, em caráter de urgência, suprir a carência de efetivo para equacionar o desmonte promovido em sua gestão”, acrescenta o sindicalista.

Já o Sindicato dos Delegados (Sindepol/AL), entende que “o que se faz necessário é a realização de concurso público, cursos de aperfeiçoamento e investimento”. Os delegados de polícia reclamam por não terem sido chamados, junto com a entidade dos agentes, a discutirem a proposta de criação de novas delegacias”Não aceitaremos nossa ausência nos fóruns de discussão de temas relevantes para a sociedade e para a Polícia Civil” – reagiu a diretoria do Sindepol.

Razões do governo

Ao anunciar a criação das novas unidades policiais, o governador Renan Filho explicou que a delegacia de crimes contra populações vulneráveis terá competência para investigar crimes contra idosos, adeptos de religiões de matriz africana, pessoas com deficiência, quilombolas, população em situação de rua, negros, ciganos, índios, lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros, entre outros.

A proposta partiu do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), que formulou o projeto em conjunto com organizações que representam os mais diversos públicos em vulnerabilidade, e a Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL). A proposta, argumenta o governo, conta também com o apoio do Ministério Público de Alagoas e da Defensoria Pública do Estado.

Já a ideia para criação da delegacia de combate à corrupção e aos chamados crimes de colarinho branco partiu do próprio governo do Estado, conforme divulgado pela Agência Alagoas, o portal de notícias do estado.

Para Renan Filho, a resolução é mais um exemplo de modernização na estrutura da segurança pública de Alagoas e do fortalecimento do combate a todo tipo de crime – completa o site oficial.

 

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