18 de julho de 2020 10:48 por Thania Valença
Em novo posicionamento, divulgado nesta sexta-feira, 17, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) se declarou contrária ao uso da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19. No novo informe a entidade cita estudos alertando que a droga deixe de ser utilizada por pacientes em qualquer fase da doença, inclusive na sua prevenção.
A SBI avalia que “dois estudos clínicos robustos, publicados em revistas médicas prestigiosas” avaliaram o uso do medicamento no tratamento precoce. Os estudos comprovaram que a droga não foi eficaz e ainda trouxe complicações aos pacientes.
Diante dos novos estudos, a SBI lista como “urgente e necessário” que a hidroxicloroquina “seja abandonada no tratamento de qualquer fase da Covid-19”. No posicionamento, a entidade de representação dos infectologistas orienta que “os agentes públicos, incluindo municípios, estados e Ministério da Saúde reavaliem suas orientações de tratamento, não gastando dinheiro público em tratamentos que são comprovadamente ineficazes e que podem causar efeitos colaterais”.
Para a SBI, o dinheiro público “deve ser usado em medicamentos que comprovadamente são eficazes e seguros para pacientes com COVID-19 e que estão em falta”.
Na quinta-feira, 16, o Ministério da Saúde enviou um ofício à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, pedindo que a instituição dê ampla divulgação ao tratamento com uso de cloroquina e hidroxicloroquina como medicamentos que podem ser utilizados nos primeiros dias de sintomas de Covid-19. O pedido levou a reações, como a de um dos coordenadores da Fiocruz em Brasília, que classificou o ofício como “pouco profissional”.
Nesta sexta, o Ministério voltou a defender seu protocolo. O secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos, Hélio Angotti Neto, disse que “não há um consenso científico” sobre a droga, apesar de a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter suspendido os testes com o medicamento.
Direito a tratamentos seguros
Em seu novo informe, os infectologistas da SBI afirmam que as principais evidências científicas devem orientar “médicos e entidades públicas e privadas” para que os pacientes tenham acesso a tratamentos seguros. A SBI cita como exemplos a “oxigenioterapia, dexametasona e anticoagulante profilático” nos pacientes hospitalizados.
Ela ainda alerta que os pacientes não devem receber “medicamentos que comprovadamente não demonstraram eficácia e que podem trazer efeitos colaterais”. Na fase precoce da doença, segundo a SBI, a Covid-19 deve ser tratada com medicamentos sintomáticos (analgésicos e antitérmicos).
O posicionamento da SBI foi assinado pelo presidente Dr. Clóvis Arns da Cunha e foi elaborado conjuntamente com os infectologistas Dr. Alberto Chebabo, Dr. Sergio Cimerman, Dra. Christiane Reis Kobal, Dra. Lessandra Michelin, Dr. Antonio Carlos de Albuquerque Bandeira, Dra. Priscila Rosalba Domingos de Oliveira, Dr. Marcos Antonio Cyrillo, Dr. Estevão Urbano Silva e Dr. Leonardo Weissmann.
Com G1