24 de julho de 2020 3:35 por Marcos Berillo
MST – O acampamento São José, localizado no município de Atalaia, voltou a ser alvo de ataque e ameaça às vidas das famílias que vivem na área há cerca de 17 anos. De acordo com a nota divulgada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), as ameaças partem do ex-vereador da cidade, Luiz Carlos, popularmente conhecido como “Cal”.
“O ex-vereador do município tenta viabilizar o fim do acampamento ofertando bens e benefícios para a retirada das famílias da fazenda que reivindicamos há 17 anos”, destaca trecho da nota. O Movimento denuncia ainda a existência de um suposto mapeamento de lideranças da região que podem garantir o fim do Acampamento São José.
As famílias acampadas na área cobram das autoridades competentes que apurem a denúncia e que tomem as medidas necessárias para evitar novos conflitos na região.
Confira a nota na íntegra:
NOTA DE REPÚDIO E DENÚNCIA
“Contra a intolerância dos ricos,
a intransigência dos pobres.
Não se deixar cooptar. Não se deixar esmagar.
Lutar Sempre!”
Florestan Fernandes
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vem a público manifestar repúdio e denunciar mais um ataque ao Movimento Sem Terra e em especial ao Acampamento São José, no município de Atalaia, em Alagoas. Desta vez parte do ex-vereador Luiz Carlos, conhecido como Cal, da Branca de Atalaia.
O ex-vereador do município tenta viabilizar o fim do acampamento ofertando bens e benefícios para a retirada das famílias da fazenda que reivindicamos há 17 anos, e ainda, tem o mapeamento de nomes de lideranças que “poderiam garantir a saída das famílias” da área, chegando a noticiar que está tudo certo para a retirada das famílias do acampamento e que tudo já estaria acordado com lideranças.
Denunciamos que esta também é uma forma de estimular a violência e o conflito, além de colocar a nossa militância com a cabeça na mira da pistolagem a mando de quem não quer ver a paz no campo em Atalaia.
Reafirmamos que essa prática busca também menosprezar a imagem da nossa organização, tentando transformar a luta de 23 anos nas terras atalaienses em um balcão de negócio, da mesma forma como alguns agentes públicos fazem com o que é do povo.
Repudiamos mais um ato que em nada ajuda na resolução do conflito do Acampamento São José, de maneira a garantir o assentamento das famílias que ali resistem e produzem, semeando a terra e dali tirando o sustento de centenas de pessoas – homens, mulheres, jovens, crianças e idosos que constroem cotidianamente seu lar, sua vida e sua lida.
Não podemos permitir que práticas de estímulo a toda e qualquer forma de violência seja naturalizada em nossa sociedade.
Cobramos ao Governo do Estado e as demais autoridades competentes a busca por soluções que garanta ao nosso povo o direito constitucional da dignidade humana, através da garantia da terra para quem nela vive e trabalha e evite novos despejos e assassinatos.
Demarcamos mais uma vez o nosso compromisso e disposição de seguir lutando pelas terras que assim como são banhadas pelo Rio Porangaba, seguem banhadas pelo sangue de Jaelson Melquíades, Chico do Sindicato e José Elenilson.
MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA
Alagoas, 23 de julho de 2020