4 de agosto de 2020 8:58 por Thania Valença
A dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), em Alagoas, Débora Nunes, destacou a importância da mensagem do papa Francisco, divulgada no dia 25 de julho último, dedicado ao agricultor. Em texto divulgado pela agência de notícias católica Vatican News, Francisco agradeceu ao MST por ter distribuído toneladas de alimentos às famílias pobres durante a pandemia do novo coronavírus.
Na mensagem, o pontífice agradece a organização brasileira pelo “bonito gesto de distribuição”. Em texto enviado por meio do cardeal Michael Czerny, subsecretário da Seção de Migrantes do Dicastério do Desenvolvimento Humano Integral, Francisco elogiou o trabalho desenvolvido pelo grupo ao longo de 35 anos de existência.
“A partilha produz vida, cria laços fraternos, transforma a sociedade. Desejamos que este gesto de vocês se multiplique e anime outras pessoas e grupos a fazerem o mesmo, pois Deus ama a quem dá com alegria”, escreveu o Pontífice na mensagem
Segundo o portal, o “apoio mútuo” é um dos valores do Movimento e isso foi reforçado nos tempos difíceis do isolamento social com a ajuda às famílias mais vulneráveis. Francisco quis agradecer a organização brasileira pelo “bonito gesto de distribuição”.
Segundo Débora Nunes, o Movimento distribuiu 2.800 toneladas de alimentos em todo país, num ato de solidariedade às populações espalhadas em grotas na periferia das cidades. Para ela, a manifestação do papa Francisco tem grande importância, por ser ele um sacerdote preocupado com os problemas estruturais da humanidade.
O que o MST está fazendo “para ajudar as famílias necessitadas nas periferias das cidades é um sinal do Reino de Deus que gera solidariedade e comunhão fraterna”, afirmou o pontífice.
“A mensagem nos alegra! O papa é uma figura importante no cenário político mundial também por sua preocupação com os bens comuns da natureza. Suas posições dialogam com as nossas diante dos problemas estruturais causados pelo capital, um modelo de sociedade que transforma tudo em mercadoria, que aprofunda as desigualdades, a miséria e a pobreza”- declarou a dirigente do MST/AL.
Essa é a realidade que o MST enfrenta ao longo de mais de três décadas de existência, “lutando pela terra, pela reforma agrária e pelo socialismo” – ressalta Débora Nunes. Segundo ela, a distribuição de alimentos saudáveis produzidos no campo pelo Movimento é uma forma de diálogo com a sociedade, uma demonstração de que a solidariedade pode mudar o mundo.
“Sabemos que os problemas causados pela pandemia Covid-19 não é algo novo. Essa pandemia aprofunda a crise social, política e ambiental decorrente desse modelo capitalista. Nosso compromisso é contribuir para a transformação da sociedade” – afirmou a ativista do MST/AL. Ela reafirmou posições políticas do Movimento contra o governo brasileiro, “um governo fascista e genocida que não tem compromisso com o povo, que destrói políticas essenciais para o campo”.
Apesar disso, declarou Débora Nunes, o MST continua firme na tarefa de produzir alimentos saudáveis, denunciar o que faz o agronegócio e preservar os bens comuns da natureza”. Neste sentido, a manifestação do papa Francisco vem como “um reconhecimento às nossas ações de solidariedade ao povo das cidades”, completou a ativista.
Ao final do texto, o líder católico abençoa as famílias, pedindo que o Espírito Santo proteja a todos do vírus da Covid-19, dê coragem e esperança nesses tempos de isolamento social. “E neste dia dos agricultores, que o nosso Bom Deus proteja e abençoe todas as famílias que trabalham na terra e lutam pela partilha da terra e pelo cuidado de nossa casa comum”, finalizou Francisco.