Inácio Loiola: privatização da Casal vai deixar vida dos alagoanos “mais difícil”

12 de agosto de 2020 2:08 por Marcos Berillo

O deputado estadual Inácio Loiola (PDT) usou a tribuna da Assembleia Legislativa, durante a sessão de hoje (12), para tecer críticas à privatização da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal). Segundo ele, a venda da estatal vai deixar “mais difícil” a vida dos alagoanos, especialmente, os que vivem longe dos centros urbanos.

“Qual empresa privada vai levar água para as pequenas comunidades no interior do Estado, cujo custo por metro cúbico é de R$ 20 para chegar até o município de Ouro Branco?”, questionou. A Casal, informou ele, abastece os moradores distantes dos grandes centros cobrando apenas R$ 5 por metro cúbico.

Outra crítica feita pelo parlamentar é que a privatização abrangerá apenas a Região Metropolitana de Maceió, onde o setor privado obterá mais lucro. “Ou seja, o capital privado só põe dinheiro onde há lucro. E a água é um bem de todos, a serviço de todos. Como pode o Governo do Estado vender uma empresa que vem gerando lucro e que é fundamental para levar água para nós, alagoanos?”, indagou.

Apresentando dados, Inácio Loiola disse que, nos últimos anos, a Companhia obteve superávit acima de R$ 60 milhões. “Não é admissível repassar uma empresa para o capital internacional explorar o que é nosso pelo valor mínimo de R$ 15 milhões e 125 mil reais”, salientou. “O próprio presidente da Casal, Clécio Falcão, tem declarado que a empresa ingressou, definitivamente, em processo de sustentabilidade econômico-financeira e que é uma empresa viável. Então por que vendê-la?”, completou.

De acordo com ele, exemplos no mundo de reestatização “enterram” a tese de que o setor privado é mais capaz e eficiente na gestão do abastecimento de água e saneamento, citando como exemplos Atlanta (EUA), Berlim (Alemanha), Paris (França), Buenos Aires (Argentina), Budapeste (Hungria) e La Paz (Bolívia).

“No Brasil, o caso mais emblemático é a cidade de Manaus. Há mais de 20 anos ocorreu a privatização no saneamento da capital do Amazonas e nada melhorou. Temo que isso aconteça em Maceió”, disse Loiola.

Desemprego

Outro ponto de preocupação do parlamentar é que, com a venda da Casal, cerca de mil servidores do órgão podem perder seus empregos. Ele concluiu a fala questionando a visão social do Governo e afirmando que a privatização da Casal vai na contramão dos interesses do povo alagoano. “A privatização da Casal significa vender o filé e deixar o osso para os alagoanos”.

Privatista
Em aparte, o “liberal” Davi Maia (DEM) questionou os números apresentados e disse que o discurso de Loiola é baseado nos dados dos representantes do Sindicato dos Urbanitários. “Como liberal que sou e estudioso da Casal, tenho que colocar as coisas realmente como são. Primeiro, infelizmente, não existe privatização da Casal. O que inventaram da Casal foi uma falácia absurda”, afirmou.

“Toda discussão sobre a Casal vem sempre com esses dados que o Sindurbanitários vive divulgando e o presidente Clécio também divulga, mas não retrata a realidade”, disse.

Por outro lado, Marcelo Beltrão (MDB) disse ser favorável à prestação de um serviço de qualidade, independentemente da forma. “O que nos preocupa realmente é que a privatização só se preocupa com o filé. E onde não dá lucro? A grande dificuldade da Casal é ofertar o produto em locais que não gera uma atração para a privatização”, observou.

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