17 de agosto de 2020 10:43 por Thania Valença
A previsão orçamentária do governo Bolsonaro para 2021 prevê que o Ministério da Defesa receberá mais dinheiro que o Ministério da Educação. Pela proposta, divulgada pelo jornal Estado de S. Paulo, a Defesa terá um acréscimo de 48,8% em relação ao orçamento de 2020, indo de R$ 73 bilhões para R$ 108,56 bilhões em 2021. Já a Educação deve ter uma queda, passando de R$ 103,1 bilhões para R$ 102,9 bilhões no ano que vem.
Segundo o jornal, a divisão dos recursos entre as pastas está com o ministro Paulo Guedes (Economia) e deve ser enviada ao Congresso até o fim deste mês.
Os valores, que não são corrigidos pela inflação, são referentes a todos os gastos das pastas, como pagamento de salários, compra de equipamento e projeto em andamento, entre eles, no caso dos militares, construções de submarinos nucleares e compra de aeronaves.
Na live semana realizada no Facebook, na 5ª feira passada (13.ago.2020), o presidente Jair Bolsonaro afirmou sofrer pressão para aumentar os recursos destinados às Forças Armadas.
“Alguns chegam: ‘Pô, você é militar e esse ministério aí vai ser tratado dessa maneira?’ Aí tem de explicar. Para aumentar para o Fernando [Azevedo e Silva, ministro da Defesa] tem de tirar de outro lugar. A ideia de furar o teto [de gastos]existe, o pessoal debate, qual o problema?”, disse, fazendo referência à regra que limita aumentar despesas acima da inflação. Ele também disse, na live, que a Defesa pode ter “o menor orçamento da história”, diferente do que diz a proposta ao qual o Estadão teve acesso.
Mais recursos
Os cortes nos recursos da Educação em 2021 já foi assunto no governo. Em junho, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub enviou ofício ao ministro Paulo Guedes dizendo que o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) pode não ser realizado no próximo ano por falta de verbas.
Ajustes
A Junta de Execução Orçamentária, composta por Guedes, Walter Braga Netto (Casa Civil) e técnicos do governo avaliaram os pedidos do MEC e outros ministérios por mais recursos.
O grupo aceitou aumentar em R$ 896,5 milhões a verba da Educação, sendo a maior parte para o pagamento de bolsas da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e para reforçar o caixa do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).
Para o Ministério da Defesa, Guedes e Braga Netto aceitaram elevar em R$ 768,3 milhões as despesas discricionárias previstas para a pasta. As despesas discricionárias são aquelas que não são obrigatórias e, por lei, podem ser remanejadas. O dinheiro é para pagar água, luz, obras e programas estratégicos para os militares. Mesmo com o aumento, o valor para esse tipo de gasto deve cair de R$ 9,84 bilhões em 2020 para R$ 9,45 bilhões no próximo ano.
Segundo os ministérios da Economia e da Defesa, a proposta de divisão do Orçamento de 2021 ainda vai passar por discussões internas e poderá ser alterada.
Com Poder360