sábado 23 de novembro de 2024

Ataque de Bolsonaro a jornalista repercute mal e gera reações no Brasil e no mundo

Presidente ameaçou dar "porrada" em jornalista que fez pergunta sobre depósitos de Queiroz na conta da primeira-dama

24 de agosto de 2020 12:31 por Marcos Berillo

Somente na manhã de hoje (24), mais de um milhão de usuários do Twitter haviam repetido a pergunta: – “Presidente @jairbolsonaro, por que sua esposa Michelle recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz?”.

Nesse domingo (23), a pergunta foi feita por um repórter de “O Globo” durante visita presidencial à Catedral de Brasília. A resposta do mandatário foi: “Minha vontade é encher tua boca com uma porrada”. Bolsonaro saiu sem responder à pergunta e deixou o país e o mundo perplexos.

A repercussão foi negativa. Hoje (24) pela manhã, em entrevista à rádio Gaúcha, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, classificou a reação como “desproporcional”.

“Não é bom, porque, claro que muitas vezes as perguntas que vocês [imprensa]fazem a cada um de nós, a gente não gosta, fica com raiva, é da natureza humana. Agora, não cabe uma reação desproporcional como a do presidente ontem”, afirmou.

Veículos internacionais como o “The Guardian”, o “Independent” e a versão online do “Daily Mail” também registraram a ameaça feita ao jornalista.

The Guardian registra ataque de Bolsonaro à imprensa | Reprodução

Não só a imprensa, mas, as cortes internacionais serão acionadas contra mais um ato de violência cometido pelo presidente Jair Bolsonaro à imprensa. O senador Randolfe Rodrigues (Rede/AP) vai apresentar denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA.

“Superamos a ditadura, somos uma democracia e Bolsonaro tem que respeitar os direitos adquiridos. Iremos apresentar denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA p/ que o órgão acompanhe a violência contra a liberdade de imprensa no Brasil”, manifestou-se, nas redes sociais.

Após episódio, Fenaj e Sindicato do DF reforçam pedido de impeachment

Ao reiterar apoio ao pedido de impeachment de Jair Bolsonaro assinado por várias entidades representativas de trabalhadores, a Federação dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas do DF informaram que estudarão medidas judiciais cabíveis contra o presidente da República. De acordo com as entidades, o trabalho da imprensa é fundamental numa democracia e não deve sofrer intimidações, quanto mais ameaça de interrupção por violência física.

“Ameaça é crime previsto no artigo 147 do Código Penal. Vindo de um presidente da República, que recebeu a incumbência e ainda fez o juramento de zelar pelo respeito à Constituição e às leis do país, torna-se um crime ainda mais grave. Até quando as instituições do país vão seguir fazendo vista grossa para um sem número de barbaridades e violações legais cometidas por este sujeito? Além de autoritário, Bolsonaro não sabe conviver com as regras mais básicas de uma sociedade civilizada e ainda demonstra um completo desequilíbrio emocional para estar à frente do cargo mais importante do país”, destaca nota emitida nesse domingo (23).

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