29 de agosto de 2020 5:25 por Thania Valença
O objetivo da vacinação é interromper a transmissão e eliminar a circulação do vírus do sarampo, no Brasil. Entretanto, desde 2016 a meta de vacinação da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), estabelecida em 95%, não está sendo alcançada. O índice caiu para 90,52% em 2017, subiu para 92,64% em 2018 e voltou a cair no ano passado, quando fechou em 90,77%.
Em 2019, por exemplo, nenhuma das vacinas dadas a crianças de até um ano de idade alcançou a meta. Isso, e o registro de 18 mil casos da doença, fizeram o Brasil perder o certificado obtido em 2016, de país livre do sarampo. Este ano, segundo dados do Ministério da Saúde, até abril, foram registrados 2.919 casos. Comparado às 125 notificações do mesmo período de 2019, os dados revelam um aumento de 2.235% em 2020.
Em Alagoas também surgiram novos casos da doença. Em 2019 foram registradas 35 ocorrências de sarampo em todo estado. De janeiro a julho de 2020, quatro casos foram confirmados, sendo um na capital e três no interior.
Apesar disso, a procura pela vacinação por adultos com idade entre 20 e 49 anos está abaixo da meta. Em Alagoas deverão ser vacinadas 1.395.72. Porém, dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) mostram que, passado um mês de campanha, apenas 376.845 alagoanos foram imunizados até a esta quinta-feira, 27.
Em Maceió, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), desde o início da campanha, 20.929 pessoas foram vacinadas contra o sarampo.
O Ministério da Saúde adotou uma estratégia para interromper a transmissão e a circulação do vírus. As duas primeiras etapas da vacinação ocorreram em 2019, com ações nacionais, em outubro, para crianças de seis meses a menores de 5 anos de idade. A segunda etapa foi realizada em novembro para a população de 20 a 29 anos. A terceira etapa, que ocorreu entre 10 de fevereiro a 13 de março deste ano, teve como público-alvo a população de 5 a 19 anos.
Todavia, a meta em cada uma dessas fases não foi alcançada, e o país continuou registrando novos casos de sarampo em meio à pandemia Covid-19. Conforme o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, neste ano, até 27 de junho, foram confirmados 5.642 casos de sarampo em 21 estados.
Na quarta etapa, a vacinação contra o sarampo foi estendida a população de 20 a 49 anos e, pela segunda vez nessa fase, o MS teve que prorrogar a campanha. O prazo, que terminaria na sexta-feira, 28, agora vai até 31 de outubro, em todo o país. A meta nesta faixa etária é atingir mais de 90 milhões de pessoas.
Porém, dados preliminares das secretarias estaduais de saúde, registrados no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações, apontam que do início da ação (16/3) até o dia 17 de agosto, somente 5,29 milhões de pessoas nessa faixa-etária foram vacinadas.
“Não existem dúvidas sobre a relação direta entre a queda da cobertura vacinal e o surto de sarampo. A conta é simples: precisamos vacinar em torno de 2,8 milhões de crianças por ano. Se deixamos de vacinar cerca de 10%, como vem acontecendo nos últimos três anos, temos por volta de 280 mil crianças sem vacina a cada ano” – disse a epidemiologista Carla Domingues, que foi coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do governo federal de 2011 a 2019, à Agência Brasil.
O sarampo é uma doença infecciosa grave, causada por vírus, que pode levar à morte. A única forma de evitá-la, é a vacina. Uma pessoa pode transmitir para até 18 outras pessoas. A disseminação do vírus ocorre por via aérea ao tossir, espirrar, falar ou respirar.