19 de outubro de 2020 4:54 por Thania Valença
A capital alagoana foi uma das quatro capitais onde a Polícia Federal realizou, na última quinta-feira, 15, a primeira fase da Operação Combustão. Executada em conjunto com a Força-Tarefa Postalis, a operação teve como alvo endereços ligados ao lobista Mílton de Oliveira Lyra Filho, o Miltinho, e a empresas utilizadas pelo investigado para lavagem de dinheiro e ocultação de provas, entre elas a Fênix Consultoria e a Meu Storage Locação de Imóveis.
O lobista já foi alvo de quatro operações da PF, sendo a primeira deflagrada em 2016 a pedido do então procurador-geral da República Rodrigo Janot. Em todas elas o objetivo dos investigadores foi levantar provas de que ele intermediava o pagamento de propina, por meio de empresas, ao senador alagoano Renan Calheiros (MDB-AL), e outros senadores do MDB indicados pelo ex-presidente do Senado Federal.
Bem relacionado com os políticos, Milton Lyra aproximou-se de Renan Calheiros, há cerca de 10 anos. Já trabalhou com outros políticos como ex-deputado e usineiro João Lyra.
Pelo menos três colaboradores da Força-Tarefa o delataram como operador de esquemas de corrupção do MDB e de Renan. Foram eles Cláudio Melo, ex-diretor da Odebrecht , Nelson Mello, ex-diretor da Hypermarcas, e Genivaldo Marques, ex-funcionário do grupo SP Alimentação, empresa envolvida na máfia da merenda.
Segundo a PF, na Operação combustão foram cumpridos 30 mandados de busca e apreensão. Além de Maceió, a operação foi realizada nas cidades de São Paulo (SP), Brasília (DF) e Recife (PE). A PF que a organização criminosa comandada por Mílton Lyra Filho movimentou mais de R$ 87 milhões, em prejuízo do Postalis, fundo de pensão dos Correios.
Os agentes apreenderam laptops, celulares, cartões de memória, documentos e até obras de arte. A partir dessas apreensões, os procuradores esperam elucidar os novos fatos descobertos, bem como reunir provas sobre os desvios de valores. Nesse contexto, a medida também pode servir para a recuperação dos danos causados pela organização criminosa.
O nome combustão faz referência à Fênix Consultoria e ao fato de Mílton ter se reinventado para continuar praticando ilícitos, mesmo após o avanço de investigações contra ele.
Ele é apontado como líder de organização criminosa voltada a crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, tráfico de influência e lavagem de capitais, sendo investigado por aparecer como operador de duas empresas que captaram R$ 570 milhões do Postalis, o fundo de pensão dos Correios.
O lobista nega as acusações e diz que sua fortuna vem de negócios como empresário, entre eles uma rede de comércio eletrônico para animais de estimação chamada “Meu Amigo Pet”. Nas investigações, Lyra já admitiu intermediar o interesse de empresas no Congresso Nacional, mas diz ter feito isso legalmente e sem pagamento de propina – seria apenas um caso de lobby, nas palavras da defesa.
Mas os empresários buscavam Lyra justamente por seu bom trânsito na alta cúpula do poder em Brasília.
Com Assessoria de Comunicação
Procuradoria da República no Distrito Federal