quinta-feira 19 de setembro de 2024

BBB e a cocó armada pra gente negra

Essa edição do BBB, só de ver a reação do público, penso logo que trouxe, não à tôa nesse cenário de ferrenha tentativa de dominação fascista, cenas politicamente calculadas para um jogo já mastigadinho

11 de fevereiro de 2021 4:14 por Da Redação

BBB 2021 | Reprodução Instagram

Por Carla Serqueira, colaboração especial para o 082noticias

Tem sido difícil estar informada, pensar, refletir e escrever sobre o que acontece no Brasil do Bozo em meio a uma pandemia. Muitas vezes, dói na alma. Aí, vem esse BBB bancando igualdade racial, com metade de pessoas negras.

Passavam as propagandas na TV e eu: – Vixe, aí tem! E veio de um jeito que, mesmo quem “não vê”, fala do BBB, nem que seja pra dizer que não vê. Só que não precisa mais assistir à TV para ver o BBB. A indústria cultural sempre foi safa. Entrou em desuso ou ficou pouca aquela horinha depois da novela?

Não tem problema. Vídeos agora rolam o dia todo aos montes na internet com pedaços do programa – que, por essência, é a farsa do “ao vivo”, todo trabalhado em edição.

Vídeos e vídeos recortados na medida certa para o contentamento e a compreensão em tempos de TikTok. As telas agora estão nas mãos da população, mas a produção do conteúdo da TV aberta, aquele que geral consome também em sites de fuxico, continua sob domínio praticamente exclusivo do patrão: o homem branco, heterossexual, capitalista do topo da cabeça à unha do pé. O de sempre!

Essa edição do BBB, só de ver a reação do público, penso logo que trouxe, não à tôa nesse cenário de ferrenha tentativa de dominação fascista, cenas politicamente calculadas para um jogo já mastigadinho.

Uma negra e um negro brigam diante da branquitude, isso num país que tem os donos da mídia “bonzinhos”, que “deixaram” eles participarem do BBB. Repare… Citando Lélia Gonzalez, “estava armada a quizumba”. Em apenas uma semana, dois da gente negra no alvo do mais moderno e temido castigo, o cancelamento em seus variados sentidos: econômico, emocional, político. Paredão que nada! A graça agora é a morte na mídia, a pisa nas redes sociais e o perigo dobrado das ruas.

Junto a isso, o povo todo em seus celulares, como em praça pública feito carrasco, dando legitimidade aos opressores, achando que escolhe alguma coisa. Mil narrativas, debates acalorados: ele ou ela?, mas pouca gente questiona nos bate-papos como e porquê @s gladiador@s de cada BBB são selecionados. Ainda mais necessário: como são instigados lá dentro, atrás das paredes ocultas da “casa vigiada” para darem a cara a tapa na guerra por dinheiro, fama e popularidade.

E essa cocó, pelo que leio na enxurrada de comentários, e, como desconfio, planejada pela indústria cultural, já rende ataques ao movimento negro, às feministas e à esquerda.

Audre Lorde* aqui explica e complementa tudo que escrevi, em minha avaliação:

“A rejeição institucionalizada é uma necessidade absoluta em uma economia baseada no lucro que precisa de forasteiros como superávit. Como membros dessa economia, todos nós fomos programados para reagir com medo e ódio às diferenças humanas e a lidar com essas diferenças de determinada maneira, dentre três: ignorá-las e, se isso não for possível, imitá-las se acharmos que são dominantes, ou destruí-las se acharmos que são subordinadas. Mas não temos modelos para conviver com nossas diferenças como iguais. Em consequência disso, essas diferenças têm sido mal interpretadas e mal utilizadas a serviço da separação e da confusão”.

*Audre Lorde, no artigo Idade, raça, classe e gênero: mulheres redefinindo a diferença.

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