29 de março de 2021 1:11 por Da Redação
Por Olímpio Cruz Neto, do Portal Vermelho
Jornais em todo o mundo reproduzem material da Associated Press informando que as mortes diárias no Brasil se aproximam perigosamente da marca de 4 mil e que o pior pode estar à frente para o país. “As restrições às atividades que implementaram no ano passado foram tímidas e consistentemente sabotadas pelo presidente Jair Bolsonaro, que buscou evitar a ruína econômica”, diz a matéria. “Ele não está convencido de qualquer necessidade de repressão, o que deixa os líderes locais buscando uma colcha de retalhos de medidas para evitar que o número de mortos cresça ainda mais”. O material é reproduzido em mais de 80 mil sites noticiosos ao redor do mundo e estava em destaque na home do Washington Post.
A AP mostra um quadro trágico: “Pode ser tarde demais, com uma variante mais contagiosa devastando o Brasil. Pela primeira vez, os novos casos diários chegaram a 100 mil em 25 de março, com muitos mais não contabilizados”. A reportagem cita como fonte o médico e cientista Miguel Nicolelis, professor de Neurobiologia da Duke University. “Ele que aconselhou vários governadores e prefeitos brasileiros no controle da pandemia e prevê que o número total de mortos chegue a 500 mil em julho e supere o dos Estados Unidos no final do ano“.
O New York Times destacou no sábado, em manchete do site – com chamada na primeira página do jornal na edição dominical, a piora da crise sanitária no Brasil. O diário americano alerta sobre como o colapso no país era previsto e que o surto de Covid-19 no Brasil sobrecarregou os hospitais“. O jornal diz que o vírus já matou mais de 300 mil pessoas no Brasil, a disseminação é auxiliada por uma variante altamente contagiosa, e o país assiste a brigas políticas enquanto cresce a desconfiança na ciência.
O texto de Ernesto Londoño e Letícia Casado, com imagens do premiado fotógrafo Maurício Lima, mostram um cenário de guerra no país. “Após mais de um ano de pandemia, as mortes no Brasil estão no auge e variantes altamente contagiosas do coronavírus estão varrendo o país, possibilitadas por disfunções políticas, complacência generalizada e teorias da conspiração. O país, cujo líder, o presidente Jair Bolsonaro, minimizou a ameaça do vírus, agora está relatando mais casos novos e mortes por dia do que qualquer outro país do mundo”, relata.
O Wall Street Journal também mostra o impacto da variante P1 no Brasil, e alerta que isso está colocando o mundo em risco. “Um aumento no número de mortes entre os mais jovens alerta para a variante P.1, presente em mais de 20 países”, reportam Paulo Trevisani, Samantha Pearson e Luciana Magalhães. “Lar de menos de 3% da população mundial, o Brasil atualmente é responsável por quase um terço das mortes globais diárias de Covid-19, impulsionadas pela nova variante”, diz a reportagem. “Mais de 300 mil morreram e as mortes diárias chegam agora a 3 mil, um número sofrido apenas pelos muito mais populoso Estados Unidos”.
O Washington Post replica ainda outro despacho da Associated Press reportando que as mães brasileiras sofrem mais com o impacto da pandemia. “Em todo o mundo, como as escolas continuam fechadas, muitas mães conciliam menos horas de trabalho com o ensino em casa e tarefas domésticas. Outras suspenderam totalmente a carreira ou foram despedidas”, diz o texto da repórter Diane Jeantet. “Economistas dizem que o agravamento das crises econômicas e de saúde do país estão atrasando ainda mais o retorno das mulheres ao mercado de trabalho”.
Em outro despacho, a AP alerta que os brasileiros desconsideram os apelos para que permaneçam em casa. “Autoridades de São Paulo e do Rio de Janeiro imploraram à população que ficasse em casa, mas milhares de brasileiros estão viajando para cidades litorâneas e ignorando recomendações no primeiro fim de semana de um feriado de 10 dias decretado para conter o aumento em infecções por COVID-19 no país”, informa. “Alguns moradores estão se retirando e aproveitando o feriado, apesar dos avisos das autoridades”.
No seu boletim diário da cobertura da crise sanitária, o alemão Sueddeutsche Zeitung destaca que o Brasil atingiu na quinta-feira a marca diária de 100.000 novas infecções. “O número recorde vem depois que o Brasil ultrapassou 300 mil mortes pela pandemia. Isso significa que o país tem o segundo maior número de mortes em todo o mundo, depois dos Estados Unidos”, diz o texto distribuído aos leitores por mailing direto.