31 de março de 2021 3:42 por Edberto Ticianeli
Em entrevista ao canal BandNews na noite de ontem (30), o ex-ministro da Defesa, da Ciência e Tecnologia, dos Esportes, ex-secretário de Governo e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo, avaliou que não há risco de quebra da normalidade institucional com a mudança do ministro da Defesa.
Para o alagoano de Viçosa, há espaços de luz e de sombras no episódio. Reconhece que não há dúvidas sobre a prerrogativa que tem o presidente de substituir todos os seus ministros e os comandantes das Forças Armadas.
Nas sombras ficam as motivações que conduziram a estas mudanças, considerando que ninguém duvidava da competência, espírito público e lealdade ao presidente da República do ministro Fernando Azevedo e dos comandantes das três Forças, que continuam a gozar da confiança e lealdade dos seus subordinados e do ministro da Defesa.
“Não está claro e não adianta apenas trabalhar com hipóteses sobre o que motivou, quais foram as insatisfações que levaram à demissão do ministro da Defesa, dos comandantes das Forças, do chefe do Estado Maior Conjunto e do Secretário Geral”.
“É uma mudança muito grande — continua Aldo Rebelo —, e que precisa ser esclarecida para que não paire a ideia de que foram arroubos autoritários do presidente”.
Questionado sobre a possibilidade de os afastamentos fazerem parte da busca de “tensões” por parte de setores do governo, o ex-deputado federal por São Paulo avalia que é mais grave que tensões: “Eles trabalham com a divisão do país e da sociedade”.
“É como se raciocinassem da seguinte forma: ‘não importa que o país se divida, desde que eu fique com uma parte importante dele’. Essa é a pedagogia com que setores do governo trabalham permanentemente, principalmente essa área sombria das redes sociais”.
E continua: “Acham que podem conduzir essa divisão para dentro de uma instituição como as Forças Armadas. Isso é uma temeridade, uma aventura. Isso não terminará bem, se foi essa a intenção”.
Para Aldo, não é papel do presidente da República se alinhar aos grupos extremistas que querem a divisão da sociedade. “Se o presidente Bolsonaro quer ser tratado, respeitado, acolhido como presidente da República, ele tem que se comportar como presidente da República”.
“Não pode se comportar com o capitão rebelde e insubordinado. Isso é do passado — orienta o ex-ministro da Defesa—. Não pode também se comportar como um deputado, por vezes inconsequente, mas cuja inconsequência ficava limitada ao alcance do seu mandato. Hoje ele é presidente de um país e tem como atribuição se comportar como presidente”.
“Não é apenas um gestor, um administrador, ele é o líder político e tem responsabilidade com todos os cidadãos. Não pode trabalhar com a ideia de dividir o país, fragmentar em grupos, em facções”, enfatiza o também jornalista Aldo Rebelo.
Lembrando que o presidente é o comandante em chefe das Forças Armadas, Aldo lhe atribui a responsabilidade de zelar e protegê-la para que cumpra sua missão institucional: “Acho que se tentar ultrapassar esse limite, não contará com a solidariedade das Forças Armadas, que são instituições que servem ao país, solidárias ao governo”.
Recordando que todos os governos que participou contaram com as Forças Armadas em suas funções institucionais, Aldo destaca que elas não têm função ideológica, política ou partidária e que a sua hierarquia não irá aceitar tais desvios, “porque é ruim para elas, ruim para o país e ruim para o próprio presidente da República”. Fonte: Contexto Alagoas.