sexta-feira 27 de dezembro de 2024

Alagoas registra aumento de internação e recorde de óbitos entre jovens por Covid-19

Indicadores do Governo de Alagoas apontam crescimento na faixa etária entre 20 e 59 anos; após vacinação, mortes caem 40% nos maiores de 80 anos
Pacientes recebem atendimento em leitos exclusivos para Covid-19 | Agência Alagoas

Dados divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) revelam que, em Alagoas, houve um expressivo aumento no número de óbitos por Covid-19 no grupo situado entre 20 e 59 anos de idade. Os indicadores do Governo de Alagoas também registram recorde de mortalidade em todas as faixas etárias abaixo de 60 anos.

Esse é o retrato da pandemia ao longo de 2021, entre a 1ª e a 23ª semana epidemiológica – encerrada no último dia 12 de junho. “A gente começa a perceber um aumento nas hospitalizações entre indivíduos mais jovens. Como a exposição está intensa, a circulação viral também se torna intensa. A quantidade está diretamente relacionada com essa grande exposição”, explica Herbert Charles Barros, superintendente de Vigilância em Saúde da Sesau, responsável pela compilação dos dados.

Neste ano, a faixa etária entre 30 e 39 anos já registrou dez ou mais óbitos em seis semanas epidemiológicas, incluindo as três últimas consecutivas com o recorde de 13 mortes na semana 21.

No pico da pandemia do ano passado, o quantitativo de dez óbitos somente ocorreu em duas semanas epidemiológicas. Já o grupo na faixa entre 40 e 49 anos, ao longo do ano, apresenta cinco semanas epidemiológicas com taxa de óbito igual ou superior a 20 – com o recorde de 26 mortes na semana 21. Em 2020, a categoria superou a marca de 20 óbitos em apenas duas semanas epidemiológicas, com o máximo de 22 mortes.

Número de pacientes abaixo dos 60 anos é “assustador”, afirma médica 

A médica especializada em Cuidados Paliativos Maria Magalhães afirma que, hoje, a população internada em apartamento e em UTI é, majoritariamente, jovem. “Um número realmente assustador de pessoas abaixo de 60 anos”, revela. Ela lembra que, num dos serviços, o paciente mais velho internado com Covid-19 tinha 50 anos. Os demais estavam na faixa etária de 17, 30, 35 anos.

No boletim epidemiológico emitido pela Sesau na última quinta-feira (17), dos 18 óbitos ocorridos em Alagoas por Covid-19, seis foram de pessoas abaixo dos 60 anos – cinco delas não apresentavam comorbidades. Comportamento bem diferente da incidência ocorrida no ano passado, no primeiro pico da pandemia.

“Quanto menos as pessoas se protegem, mais a facilidade de aparecerem novas cepas e novas variantes. A população jovem é que está nas ruas em função do trabalho, mas é a que mais aglomera e a que menos segue as medidas restritivas”, ressalva a especialista.

“Há também a inconsequência dos jovens que, apesar das restrições, continuam fazendo festas clandestinas, não utilizam máscaras – há um sentimento muito comum de imortalidade entre jovens e adolescentes. E também muita gente levada pelas fake news, de que máscara não protege e de que o coronavírus é só uma gripezinha”, considera Marília Magalhães.

Pessoas relaxaram e não se protegem como deveriam

O superintendente Hebert Charles lamenta que as pessoas não estão se protegendo como no passado. “O fator medo, que havia ano passado, que foi importante, não existe mais. As pessoas não estão tomando os devidos cuidados”.

Os dados das últimas cinco semanas epidemiológicas revelam a gravidade do cenário geral, com a taxa de ocupação de leitos com respiradores acima de 82% e o número de óbitos por Covid-19 acima de 100 casos – o pico ocorreu na Semana 20, encerrada em 22 de maio, com 121 mortes.

Já na comparação entre capital e interior, a curva tem comportamentos relativamente diferenciados nas médias móveis de óbitos e de novos casos. Na semana epidemiológica 23, por exemplo, Maceió registrou número menor nas taxas de mortalidade (6,6 na capital contra 9,5 no interior) e menos da metade no índice de contágio (145 na capital contra 295 no interior).

Segunda dose da vacina salva idosos

Por outro lado, na faixa etária acima dos 60 anos ocorreu o contrário, com nítida queda nos casos de hospitalização e morte após o início da vacinação. No público com mais de 80 anos, a redução da taxa de mortalidade chegou a 40%.

A mortalidade entre idosos pode diminuir ainda mais, caso o grupo atenda ao chamado das autoridades sanitárias e tome a segunda dose do imunizante na mesma proporção que receberam a primeira.

“Nesse grupo de 80 anos ou mais, temos uma cobertura estimada de 96% com a primeira dose, mas somente 82% foram receber a segunda dose. Eu tenho uma janela de 14% que não tomou a segunda e que, baseado nas nossas distribuições, já deveriam ter tomado. Por isso, faço um apelo às famílias que levem seus idosos para completar a imunização”, conclama o superintendente da Sesau, Herbert Charles.

Para os especialistas, o controle da pandemia só virá quando pelo menos 70% da população estiver vacinada e mantendo as medidas de restrição. “Não adianta começar a vacinar e as pessoas continuarem nas ruas. É preciso manter o distanciamento social, usar máscara – de preferência Pff2 ou N95, porque as de pano não protegem – e álcool a 70%”, finaliza a médica Marília Magalhães.

*Com Agência Alagoas

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