9 de agosto de 2021 6:58 por Eleonora Duse Leite
A porta sempre aberta, hoje fechada. Cama arrumada, travesseiros organizados em posição, lençóis dobrados e estendidos nos pés da cama. Janelas escancaradas, ventilando o ambiente e o sol busca um local para refletir seu brilho e seu calor, mas falta o protagonista nesta cena, meu pai.
De manhã, logo cedo, cedinho mesmo, a porta se abria e logo se escutava o som da TV ligada nas alturas, nós certificando que o dia já começou e que ele já estava ali, bem perto. E quase que mágico, o primeiro grito: Waldemar!!! Pronto, o nosso dia realmente começou de verdade. Nunca foi tão bom ouvir. Era um bradar vindo do mar, que ecoava e tudo dava movimento. Os coqueiros se davam bom dia, o galinheiro todo se animava, os pavões com suas caldas multicoloridas se cumprimentavam e os cachorros uivavam feito lobos. O dia seria perfeito, a natureza conspirava para isso.
Mas isso já faz algum tempo. Isso nos faz falta, nos dá saudades. Desde o dia 27 de fevereiro de 2013, nossa comemoração do dia dos pais foi apagada do calendário, apenas lembranças de tantos outros que estávamos juntos e vibrávamos em tê-lo por perto. Não falo em tristeza e nem com tristeza, porque aproveitamos dos bons momentos como disse, falo com saudade e da muita!
(*) Eleonora DUSE Leite é funcionária pública e graduanda em jornalismo.