sexta-feira 20 de setembro de 2024

De Minervino de Oliveira a Leonardo Péricles: pretos, proletários e periféricos na disputa pela presidência do Brasil

Pretos, proletários e periféricos,  incomodando a Casa Grande, enfrentando, com ousadia e coragem, o racismo e o capitalismo

1 de dezembro de 2021 11:27 por Da Redação

Foto: Página do MST

Por Marcelo Buzetto*

Um fenômeno político inesperado e muito bem vindo foi a criação do mais novo partido da esquerda brasileira: a Unidade Popular pelo Socialismo UP.

A UP é algo para se comemorar, pois sua existência é uma vitória de todas as forças progressistas, democráticas,  populares e de esquerda do país.

Muitos não acreditavam na possibilidade de legalização de um partido de esquerda – ainda mais com Socialismo no nome – em pleno período de ofensiva da direita e da extrema-direita, onde as forças conservadoras se uniram para dar um golpe contra o governo Dilma e avançar na destruição dos direitos trabalhistas.

Mas a militância da UP foi às ruas, às praças,  aos bairros da periferia,  foi para dentro dos trens para apresentar a proposta do novo partido. Foram buscar apoio na classe trabalhadora,  nas massas populares, que assinaram as milhares de fichas de apoio à criação do partido.  Confiaram nas massas, sem dinheiro nem financiamento empresarial. Com uma militância aguerrida, ousada, persistente.

Além da legalização, a UP agora está novamente surpreendendo e trazendo uma novidade para a discussão sobre as eleições de 2022: a candidatura de um trabalhador negro para a presidência da República.

Num país marcado pelo racismo estrutural, as condições para o proletariado negro ter uma participação ativa e organizada nas lutas políticas do país sempre foram mais difíceis.

Léo da UP é proletário,  preto e da periferia.  Amadureceu politicamente nas lutas por moradia, reforma urbana e pelo Socialismo.

Tenho o prazer de conhecer esse grande lutador popular. Tornou-se presidente de um partido político de esquerda. Fundou esse partido em 2016 (oficialmente), em pleno governo golpista de Temer.

A UP se construiu num período de graves e contundentes derrotas das forças populares no Brasil,  de ofensiva neofascista,  mas sua existência é a prova concreta de que é possível sim acumular vitórias em um período onde a correlação de forças está favorável aos inimigos da classe trabalhadora e do povo brasileiro.

Lançar um candidato proletário,  preto e da periferia é recuperar a história de figuras como Minervino de Oliveira,  candidato do Partido Comunista do Brasil  (PCB) à presidência da República,  em 1929, pelo Bloco Operário-Camponês BOC. Minervino também era proletário,  preto e da periferia.

Que a candidatura do companheiro Léo possa produzir alguma reflexão crítica no interior das forças de esquerda sobre a necessidade de estimular cada vez mais a participação ativa e organizada de pretos e pretas da classe trabalhadora nas mais diferentes lutas, assumindo a direção de sindicatos,  de movimentos populares, de centrais sindicais e de partidos políticos.

Em tempos onde alguns defendem que é preciso ganhar a eleição de 2022 à qualquer preço/custo, ter uma candidatura preta, proletária,  popular e periférica dá ânimo e esperança para as lutas do próximo período,  especialmente para a juventude,  já cansada dos acordos pelo alto para preservar os privilégios dos banqueiros, do agronegócio,  da mídia empresarial-golpista e tantos outros setores da burguesia brasileira,  sempre antipopular, anti democrática e antinacional,  submissa aos interesses das grandes corporações transacionais e das potências imperialistas.

Minervino de Oliveira e Leonardo Péricles: pretos, proletários e periféricos,  incomodando a Casa Grande, enfrentando, com ousadia e coragem, o racismo e o capitalismo.

*Professor universitário, é do setor de relações internacionais do MST e integrante do Comitê de Solidariedade aos Povos Árabes

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