7 de dezembro de 2021 3:07 por Da Redação

O machismo e a falta de respeito dificultam o combate ao assédio sofrido por mulheres das polícias Civil, Militar e Penal, do Corpo de Bombeiros e da Perícia Oficial. O volume de denúncias feitas à Promotoria de Controle Externo da Atividade Policial e também pelo aplicativo da Ouvidoria revela a necessidade de uma postura mais enérgica dos gestores sob a vigilância do Ministério Público de Alagoas (MPAL).
Para o Ministério Público, faz-se necessário que as instituições tenham o compromisso de trabalhar, internamente, a interrupção de atitudes que gerem constrangimento às mulheres como, por exemplo, proibir a utilização de palavras de baixo calão e compartilhamento de imagens de cunho sexual em grupos voltados ao trabalho e reuniões.
Esse tema foi discutido durante reunião convocada pela promotora de Justiça, Karla Padilha, com representantes dos órgãos que integram a Segurança Pública e o ouvidor-geral do Ministério Público de Alagoas, procurador de Justiça Lean Araújo. O encontro contou ainda com a presença da professora-doutura Elaine Pimentel, representando a Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
Lean Araújo ressaltou a significância do projeto “Mulheres em Segurança: ASSÉDIO NÃO!, comprometendo-se a levá-lo ao Conselho Nacional das Ouvidorias, com o propósito de servir de modelo para Ministérios Públicos de outros estados.
A promotora de Justiça Karla Padilha, mentora do projeto junto à professora Elaine Pimentel, enfatizou que o projeto nasceu a partir de várias narrativas de mulheres que sofreram assédio nas instituições de segurança pública, o que exige a adoção de providências com o objetivo de resolver esta problemática de forma generalizada.
“O trabalho por nós desenvolvido foi extremamente árduo para que as mulheres se sentissem seguras e pudessem responder aos questionamentos apresentados, já que muitas resistiram, seja por medo de possível represália, seja por estarem desacreditadas de que as coisas efetivamente mudassem”, afirmou Padilha.

Acolhimento
Já a professora Elaine Pimentel, coordenadora do grupo Carmim (que trata de feminismo jurídico), informou que de acordo com os resultados das pesquisas é perceptível que não há acolhimento no ambiente das corregedorias e que é de suma importância criá-lo, uma vez que o primeiro atendimento requer esse tipo de local acolhedor para, posteriormente, ocorrer a oitiva. Ela lembrou que o assédio moral é uma espécie de violência contra a mulher.
“O assédio existe em todos os órgãos submetidos à pesquisa, o modo como ocorrem as importunações morais e sexuais, bem como, qual é o impacto vislumbrado na vida das vítimas e, ainda, como tais situações inadequadas reverberam na prestação do serviço de segurança pública entregue à sociedade”, enfatiza.
Participaram da reunião o delegado-geral da Polícia Civil, Carlos Reis; o perito-geral oficial, Manoel Melo; o subcomandante da Polícia Militar, coronel Thulio Emery; o corregedor-geral do Corpo de Bombeiros Militar, coronel QOC BM Eduardo Hércules; e a policial penal Cinthia Felipe Ferreira Moreno, gerente de Educação, Produção e Laborterapia.