11 de dezembro de 2021 3:12 por Da Redação
Bolsonaro tem como único objetivo se reeleger. Esse é o seu “projeto”. E para tanto não há limites, aliás, isso ele nunca teve. Ninguém mais do que Bolsonaro tem consciência de que não governa o Brasil. O país vem sendo “tocado”, como os boiadeiros tocam boiadas com os berrantes.
Dos presidentes eleitos a partir de 1985, José Sarney é fruto da trágica morte de Tancredo Neves, a chapa eleita no Colégio Eleitoral sepultou a ditadura militar. Sarney conduziu, durante as turbulências, o país para uma nova ordem constitucional, o que resultou na promulgação da Constituição de 1988.
Fernando Collor, por incrível que possa parecer, apresentou um projeto político para ele e as classes dominantes. O fundamento era abrir a economia, concordemos ou não, havia um projeto. Itamar Franco que sucedeu Collor, que sofreu o impeachment, em dois anos defendeu a transição democrática e a indústria nacional. Era um nacionalista histórico e implantou o Plano Real, essa foi a sua grande obra.
FHC, em dois mandatos, implantou políticas sociais significativas, a Bolsa Escola, o sistema de avaliação das universidades e o Fundef. E procurou privatizar o que fosse possível. Encontrou resistências, mas, conseguiu privatizar estatais, esteve sempre em sintonia com o núcleo do capitalismo mundial, os EUA à frente. Em síntese, esse foi o projeto do FHC.
Lula conseguiu inverter prioridades na política nacional, deslocou o eixo onde o orçamento nacional era voltado essencialmente para os mais ricos e os pobres – que é a maioria da população – eram historicamente números trágicos nas estatísticas oficiais. Em oitos anos, o governo Lula resgatou – o verbo a ser usado é esse: regatar – milhões de brasileiros da extrema pobreza, da miséria que servia como uma paisagem trágica do país.
Crescimento
De 2003 a 2015, 36 milhões de brasileiros saíram da extrema pobreza, graças ao Bolsa Família, à geração de emprego e renda, ao incentivo à agricultura familiar e ao desenvolvimento regional. E 42 milhões ascenderam à classe C. A renda média cresceu 38% acima da inflação. Já a renda dos 20% mais pobres cresceu 84%. Os investimentos sociais triplicaram e cresceram de R$ 112,2 bilhões em 2012 para R$ 343,3 bilhões em 2014. Em 2015, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país chegou a 0,754 (quanto mais perto de 1, melhor). O muro da desigualdade, que parecia intransponível, começou a ser superado.
Lula tinha projeto de governo e executou grandes obras de infraestrutura, incentivou de maneira nunca vista e, em tão pouco tempo reacendeu a indústria naval. Foi no governo dele que a Petrobras descobriu petróleo no pré-sal. O Brasil, desde 1889, com a proclamação da República não era entre as nações um ator respeitado e convocado para as mesas de negociações internacionais.
A política internacional do governo Lula é outro espetáculo político de grandeza incomparável, o Brasil é um dos idealizadores de um megabloco econômico, os BRICs, constituídos por: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
O centro do programa do governo Lula era o combate às desigualdades sociais, não foi uma peça de marketing, mas políticas de governo que se transformaram em políticas públicas que são estratégicas para o desenvolvimento do Brasil.
Dilma Rousseff
Dilma Rousseff deu continuidade ao programa de governo realizando alguns ajustes, o essencial foi mantido. As desigualdades sociais eram a linha central do seu governo. Em treze anos de administrações petistas coligadas com partidos de esquerda, de centro-esquerda e de centro fizeram com que o Brasil superasse males seculares com a fome e a extrema pobreza. Para quem conhece a História do Brasil, esse período foi de grandes transformações.
Bolsonaro foi eleito com o discurso da desconstrução. O Estado brasileiro que em oitenta anos tem sido indutor do desenvolvimento nacional vem sendo destruído com um fundamento ideológico. O projeto do presidente Bolsonaro é diferente de todos os outros presidentes da República. Nem os ditadores que ele idolatra ousaram destruir o Estado.
O que vem funcionando como respaldo econômico do governo é o ultraliberalismo aplicado por Paulo Guedes que é um agente do Mercado Financeiro. O butim que estão realizando é a estratégia anunciada durante a campanha. Se não for possível privatizar todas as estatais estão empenhados em liquidar as melhores e, em paralelo, destruir todas as políticas públicas para abrir mais ainda oportunidades para o mercado privado explorar a educação, a saúde, a previdência e mais vulnerabilizar ou uberizar os trabalhadores, reduzindo ainda mais os direitos trabalhistas.
Essas são as estratégias pensadas nos EUA e no centro do capitalismo o mundial.
E o Centrão?
O Centrão é a mercadoria mais barata e disponível para se adquiri nas gôndolas do Congresso Nacional. O raciocínio é primário: quanto mais fraco e impopular o governo Bolsonaro, mais caro terá de arcar com a compra de voto no Congresso Nacional.
A compra é casadinha: aprova o que for enviado e não se discute as consequências do que esta sendo aprovado. O mercado tem uma mão invisível. Esse conceito criado por Adam Smith em 1776 onde não é necessária a intervenção do Estado. Esse mantra tem prevalecido e a malta de deputados e senadores que se locupletam das emendas secretas, dos lobbys, é responsável pela destruição do Estado brasileiro, até aqui, e das políticas públicas.
Centrão é isso, não é necessário sofisticar a argumentação. Essa turba rapineira faz parte da política nacional desde a República Velha, mas no desgoverno Bolsonaro é o Centro quem dita às ordens. Bolsonaro é uma espécie de détraqué que foi jogado fisgado no alçapão e vive no cativeiro.