3 de fevereiro de 2022 1:46 por Da Redação
O retorno às aulas no Centro Universitário Tiradentes (Unit/AL) vai contar com uma atração especial, a Exposição “Beleza Negra”, do fotógrafo Jorge Vieira. São 14 fotografias femininas que representam a luta da negritude contra o branqueamento a partir de uma abordagem simbólica, com liberdade poética, mas não menos impactante imageticamente. A exposição tem livre visitação do público em horário comercial até o dia 18/02, no Hall do Bloco C.
Jorge Vieira buscou neste trabalho algo que fosse estéticamente agradável e ao mesmo tempo representativo. Nas fotos, é possível visualizar uma pintura branca craquelada sobre o rosto das modelos, com a adição de elementos (pimentas, flores e frutos). Ele explica que isso representa essa dinâmica cultural, no que o craquelamento do branco diz exatamente da força do preto rompendo as pressões sobre sua identidade.
“A temática preta está sempre me atravessando, o que me fez construir parcerias com algumas modelos em projetos pessoais de fotografia autoral. São meninas belas, orgulhosas de sua negritude, mas sempre, de uma forma ou de outra, com histórias de pressão de branqueamento de suas vidas. Desses diálogos, nasceu a ideia de fotografá-las em luta e resistência contra essas pressões”, explica.
A exposição já percorreu nove quilombos, desde a Zona da Mata até o alto Sertão alagoano, levando rodas de conversa sobre a temática. Em Maceió, ela já passou pela Escola Estadual Geraldo Melo dos Santos, no bairro Cidade Universitária.
Tema abordado com a comunidade acadêmica
Durante a abertura da jornada pedagógica da Unit/AL, Jorge Vieira falou sobre os conceitos da exposição para os professores. Segundo o fotógrafo, o tema de que trata a “Beleza Negra” deve estar em todos os ambientes da sociedade brasileira.
“Falar da política de branqueamento em um ambiente acadêmico é de extrema importância, por ser um lugar formador de conhecimentos e muito influenciador na construção das novas gerações. Há a expectativa de que, ao retornarem as aulas, teremos momentos semelhantes com a comunidade acadêmica”, pondera Jorge.
Lorena Madruga, professora do Programa de Pós-graduação em Sociedade, Tecnologias e Políticas Públicas (SOTEPP) na Unit/AL, também acha significativo este debate dentro do espaço acadêmico.
“O espaço universitário, assim como o político, o midiático, dentre outros, é um ambiente que ainda está longe de ser diverso e inclusivo. Vários estudos têm apontado a pouca representatividade de mulheres negras nos corpos docentes das instituições de ensino, o pouco destaque ou a invisibilidade da produção científica realizada por mulheres negras, dentre outras questões. Nesses espaços, as mulheres negras têm que se esforçar triplamente ou mais em relação aos homens e mulheres brancas para serem ‘aceitas’ no espaço e terem seu trabalho reconhecido”, reflete.
A professora acredita que a exposição “Beleza Negra” pode ser um momento positivo de convite à reflexão e debate. “Ela nos leva a olharmos para nossa realidade e refletirmos sobre os desdobramentos e consequências das políticas de branqueamento, de miscigenação do século XIX e XX, associadas a uma ideia controversa de ‘democracia racial’ no Brasil. A consequência mais cruel é a normatização de todo tipo de violência contra corpos negros”, arremata Lorena Madruga.
Serviço
O quê? Exposição fotográfica ‘Beleza Negra’
Quando? Até o dia 18/02. Visitação em horário comercial
Onde? No Hall do Bloco C do Centro Universitário Tiradentes (UNIT/AL)
Fonte: Assessoria