12 de março de 2022 2:03 por Da Redação
Por Documentos Revelados
A tenente Neuza, entre outras confidências, conta como os agentes do destacamento transportavam os corpos de militantes da Resistência à Ditadura mortas pelo DOI até a sede do Departamento. Ela confirmou que o destino dos militantes que tivessem feito cursos de guerrilha no exterior e fossem apanhados pelo DOI era a morte. A mesma sentença atingia os que tivessem sido banidos do País em troca da liberdade de um dos quatro diplomatas estrangeiros sequestrados entre 1969 e 1970 pela guerrilha.
De fato, nenhum dos dez guerrilheiros banidos que retornaram ao Brasil e foram presos entre 1971 e 1973 sobreviveu. Em 1973, o Centro de Informações do Exército (CIE) produziu duas apostilas distribuídas aos seus agentes com os nomes de 314 guerrilheiros brasileiros que haviam sido treinados na China (110) e em Cuba (204).
Os áudios da tenente Neuza foram gravados pelo jornalista Marcelo Godoi, autor do livro “A Casa da Vovó”. Godoy ouviu alguns dos mais ativos agentes da repressão da ditadura militar para contar a história do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna) de São Paulo.
Criado a partir de uma operação semiclandestina instituída pelo governo, a Oban (Operação Bandeirantes), o DOI-Codi se transformou rapidamente, no início dos anos 1970, no instrumento do regime de exceção para combater as organizações de esquerda. Inicialmente, o alvo foi os grupos que optaram pela luta armada.
A doutrina do combate à guerra revolucionária mobilizava os militares no Ocidente do pós-guerra, somada a elementos apreendidos da experiência francesa na Argélia, inspirou a criação do órgão que juntou policiais civis ligados ao Esquadrão da Morte com militares que viam, como primeiro objetivo, eliminar os inimigos.