Por Murilo Pajolla, do Brasil de Fato
Lábrea (AM) –
Para além de debates ideológicos, o modelo de desenvolvimento agropecuário baseado na concentração fundiária e na monocultura tem se provado cada vez nocivo à sociobiodiversidade.
No Brasil, os efeitos são evidentes e vão desde a destruição dos recursos naturais até o aprofundamento da desigualdade social, passando pela agressão neocolonial contra povos tradicionais.
O livro “Desastres sócio-sanitário-ambientais do agronegócio e resistências agroecológicas no Brasil” ajuda a compreender o tema a partir do sistema capitalista nacional e internacional, com enfoque nos impactos negativos do agronegócio analisados a partir da reunião de 23 artigos.
Os estudos foram elaborados pelo Núcleo de Estudos Ambientais e Saúde do Trabalhador (Neast) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), pelos docentes e discentes do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC) da UFMT e por entidades, pesquisadores e comunidades externas à universidade.
O prefácio, assinado por Brian Garvey, pesquisador da Universidade de Stratchclyde, em Glasgow na Escócia, antecipa: “conexões importantes são iluminadas aqui: entre dano ecológico e trabalho análogo ao escravo; expansão insaciável de commodities agrícolas e problemas de saúde; a apropriação de terras e o empobrecimento; luta social e novas possibilidades de produção de alimentos; o leitor e o mundo ao seu redor”.
A obra amplia o olhar crítico sobre a cadeia produtiva do agronegócio e seus impactos negativos. Aprofunda-se, também, no papel do Estado brasileiro, que privilegia os latifundiários, atuando em colaboração técnica e política com o setor.
Lançado pela editora Expressão Popular, o livro é organizado por Wanderlei Antonio Pignati, Marcia Leopoldina Montanari Corrêa, Luís Henrique Da Costa Leão, Marta Gislene Pignatti e Jorge Mesquita Huet Machado.
Na publicação, o panorama agrário é compreendido à luz método histórico-dialético. A metodologia, desenvolvida por Karl Marx e Friedrich Engels, mostra-se uma ferramenta necessária para se compreender as raízes mais profundas da tragédia brasileira patrocinada pelo agronegócio.
“Esperamos que os estudos apresentados neste livro possam auxiliar os movimentos de resistência à colonização do “mundo da vida” pelo poder do capital e que as organizações populares e sindicais de trabalhadores(as) possam interferir radicalmente nos rumos deste país sem rumo”, escrevem os organizadores na apresentação da obra.