Pobreza menstrual é uma questão de saúde pública e afeta também o desenvolvimento escolar de alunas mais vulneráveis social e economicamente. Para que nenhuma estudante da rede estadual seja impedida de frequentar os estudos por causa do ciclo menstrual, o Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), criou o programa Meu Ciclo na Escola, que já faz a diferença na vida de mais de 22 mil alunas.
É o caso da estudante Lara Cristina, do 2° ano da Escola Estadual Afrânio Lages, de Maceió, que já deixou de ir à escola por não ter absorventes em casa. “Esse kit é de extrema importância para garantir que nenhuma menina seja prejudicada na escola por conta do período menstrual. Eu já fui uma delas e fico feliz em saber que isso não será mais uma realidade entre as mulheres da rede estadual”, conta.
Ana Júlia, de 16 anos, cursa o 2º ano do ensino médio na Escola Moreira e Silva, em Maceió, e é outra aluna beneficiada pelo programa. “Sinto-me valorizada. Escuto minha mãe e minha avó contando como na época delas a menstruação atrapalhava os estudos, pois não tinham dinheiro para comprar absorventes. Hoje, a situação é diferente. Sei que muitas meninas agora podem ter esse apoio e esse suporte”, ressalta.
O Meu Ciclo na Escola é a maior ação de combate à pobreza menstrual na história de Alagoas. A distribuição de kits de higiene feminina, compostos por absorventes, lenços umedecidos e sabonetes íntimos, garante que a menstruação não seja um obstáculo para frequentar as aulas, combatendo a evasão escolar.
O secretário de Estado da Educação, José Márcio de Oliveira, explica que a educação, especialmente na rede pública, deve ir além das questões pedagógicas. Ela também precisa constituir a rede de amparo social para os estudantes mais vulneráveis.
“A educação não se faz apenas no espaço circunscrito da sala de aula. Na rede pública, em especial, é preciso ir além. Educação de qualidade se efetiva também com alto padrão alimentar, através da merenda; na atenção psicossocial e também em ações como o programa Meu Ciclo na Escola, que beneficia nossas alunas mais vulneráveis. Os estudos mostram que, em todo o país, as meninas na faixa dos 13 aos 18 anos costumam faltar de três a sete dias na escola por conta do período menstrual, justamente pela falta de acesso a itens de higiene íntima. É esse tipo de realidade que estamos buscando mudar em Alagoas, dando mais dignidade às nossas estudantes”, explica José Márcio de Oliveira.
Sobre o programa
Todas as mais de 300 escolas da rede estadual estão inclusas na distribuição dos kits de higiene íntima, que ocorre de forma individual, de acordo com a organização da própria unidade escolar. A entrega é feita de forma bimestral, e os gestores educacionais fazem o acompanhamento e classificação das meninas beneficiadas pela ação.