A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) prestou uma homenagem In Memorian ao padre alagoano Reginaldo Veloso. Durante sessão realizada na noite dessa terça-feira (9), ele se tornou, oficialmente, cidadão pernambucano.
A iniciativa foi do deputado estadual João Paulo (PT). “Essa é uma homenagem a um grande brasileiro que viveu da fé e da esperança em sua luta de décadas pela educação e por uma sociedade mais justa e solidária”, destacou o parlamentar.
Veloso, que faleceu em maio, viveu a maior parte dos seus 84 anos no estado vizinho, onde construiu uma história de militância sempre ao lado dos pobres e oprimidos, especialmente no Morro da Conceição, no Recife.
“Seu exemplo seguirá adiante para os moradores do morro, a classe trabalhadora, crianças e adolescentes, pessoas com deficiência, povos originários e todas as gentes comprometidas com a justiça social, a democracia e uma igreja alinhada aos mais pobres”, observou o deputado.
Teologia da Libertação
Reginaldo chegou ao Recife aos 13 anos e só saiu da capital no período em que morou em Roma, onde foi ordenado padre. Adepto da Teologia da Libertação, defendia uma igreja nas mãos do povo, em luta contra a opressão e a fome. Presbítero da Arquidiocese de Olinda e Recife, ele foi um dos divulgadores do documento “Eu Ouvi os Clamores do Meu Povo”, de 1973, durante a ditadura militar.
O documento reivindicava trabalho para a multidão de desempregados da época e o atendimento de necessidades básicas, como moradia, transporte e outros direitos.Como resultado, ele foi levado para interrogatório por agentes do Dops.
“Queriam saber quem eram os autores do documento. E eu respondia com os nomes da extrema-direita”, conta o padre no documentário ‘Reginaldo Veloso: O Amor Mais Profundo’, que narra sua vida sacerdotal e de militância social e política.
Amizade
O religioso foi pároco por 10 anos da Paróquia de Santa Maria, na Macaxeira, e, por 11 anos, da igreja de Nossa Senhora da Conceição, no Morro. Foi afastado depois da renúncia de Dom Helder, de quem era muito ligado, quando padres progressistas foram expulsos. Na época, moradores do Morro esconderam a chave da igreja em protesto com seu afastamento. Reginaldo continuou na luta como presbítero das Comunidades de Base.
“Tenho certeza de que gostaria de oficializar essa condição de pernambucano, pois aqui construiu sua jornada junto ao povo, como sacerdote e como militante político que enfrentou a ditadura por lutar por justiça social, sempre fidelíssimo às palavras de Cristo e aos propósitos da Teologia da Libertação, que teve no arcebispo Dom Helder Câmara, seu grande amigo, um dos principais expoentes no mundo”, afirma João Paulo.