12 de setembro de 2022 8:45 por Da Redação
Por Vinicius Konchinski, do Brasil de Fato
Depois de os altos preços do gás causarem a redução do consumo de botijões no país, a Petrobras anunciou uma queda no preço do combustível nessa segunda-feira (12). O anúncio foi mais um realizado pela estatal neste semestre, período em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) concorre à reeleição.
De acordo com a Petrobras, a partir desta terça-feira (13), o preço do quilo do GLP (gás de cozinha) vendido pela estatal às distribuidoras passará de R$ 4,23 para R$ 4,03/kg –R$ 0,20 ou 4,7% a menos.
Considerando esse preço, o custo de um botijão de gás de 13kg em refinarias passará a ser o equivalente a R$ 52,34. Isso corresponde a uma redução de R$ 2,60 por 13 kg.
Segundo a Petrobras, a queda acompanha a evolução do valor do gás no mercado internacional do produto e é coerente com sua prática de preços.
Com a Petrobras atrelando o preço de seu gás ao do mercado internacional, o preço do botijão no Brasil superou os R$ 110. Isso é 40% mais do que a média da década, já descontada a inflação, segundo cálculos do economista Eric Gil Dantas, do Observatório Social do Petróleo e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).
Dantas apontou que, por conta dos preços, o consumo de gás de cozinha no Brasil caiu no primeiro semestre deste ano, registrando o pior desempenho desde 2014. De janeiro a julho, a venda de botijões de GLP caiu 4,5% comparada ao mesmo período de 2021.
Nas regiões Sul e Sudeste, houve queda de 5,9% e 5,7%, respectivamente. Já no Rio Grande do Sul e Minas Gerais as vendas diminuíram quase 8%.
A análise de Dantas está baseada em dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo) sobre GLP vendido em vasilhames de até 13 quilos, os mais usados em residências.
Lenha substitui gás
“Em 2021, o consumo de lenha foi o maior em mais de uma década, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética [EPE]. O cenário atual, lamentavelmente, é de mais lenha e menos gás. Nem o auxílio gás foi até agora suficiente para impedir esse retrocesso, o que mostra o tamanho do problema”, complementou o economista.
Desde 2018, ano da eleição de Bolsonaro, o preço do gás começou a subir. Com isso, a lenha passou a ser a segunda fonte de energia residencial mais utilizada no Brasil, de acordo com dados da EPE. A principal fonte de consumo é a energia elétrica e, em terceiro lugar, aparece o gás de cozinha.
Quedas pré-eleição
Desde julho, a Petrobras tem anunciado sucessivas quedas em preços de diferentes combustíveis. As reduções acontecem depois de Bolsonaro trocar o presidente da estatal pela quarta vez durante seu mandato. Só a gasolina já foi reduzida quatro vezes.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) liga essas reduções à campanha de reeleição do presidente. “Às vésperas das eleições, a estratégia eleitoreira do presidente da República é anunciar pequenas e sucessivas reduções de preços dos combustíveis. A política de preços agora é determinada pelas lives de quinta-feira e pelas pesquisas eleitorais”, declarou o coordenador-geral da entidade, Deyvid Bacelar, no início do mês.
Apesar disso, desconsiderando essas reduções recentes, o governo Bolsonaro é campeão em aumentos da gasolina. O preço do combustível acumulou em seu governo, até junho, uma alta semelhante à registrada durante os mais de 13 anos em que membros do Partido dos Trabalhadores (PT) presidiram o país.
De janeiro de 2019 – quando Bolsonaro assumiu à Presidência – a junho de 2022, a gasolina subiu 69%, segundo dados tabulados pelo OSP.
Já de janeiro de 2003 – quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomou posse – a maio de 2016 – mês em que a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) foi afastada por conta do processo de impeachment –, o preço subiu 72%.