28 de setembro de 2022 11:03 por Da Redação
O eleitor que esperava a apresentação de propostas de governo no debate dessa terça-feira (27) da TV Gazeta, a emissora de maior audiência do estado, se decepcionou. Os candidatos usaram o tempo para trocar farpas entre si, com alguns momentos de exasperação. Assim como nos outros embates, a última oportunidade de mostrar os planos para Alagoas ao eleitorado na TV aberta foi enfadonha.
Participaram da discussão os candidatos Paulo Dantas (MDB), Rodrigo Cunha (UB), Fernando Collor (PTB), Rui Palmeira (PSD), Cícero Albuquerque (PSOL) e Luciano Almeida (PRTB).
O professor Cícero Albuquerque tem sido o ponto fora da curva, apresentando propostas efetivas para três áreas no espaço de tempo que lhe coube por sorteio ou quando perguntado pelos outros candidatos.
Ele tratou o tema da Agricultura familiar com mais destaque e indicando o descaso histórico com esse setor da economia de Alagoas. Quando foi indagado sobre o papel do servidor na administração pública foi quem melhor abordou, inclusive, denunciando as péssimas administrações de Fernando Collor quando foi prefeito de Maceió, governador de Alagoas e na Presidência da República.
O tratamento desrespeitoso dado aos ex-funcionários da Organização Arnon de Mello (OAM), vítimas de uma recuperação judicial nebulosa, e cuja assembleia pode ser anulada devido a uma série de irregularidades, também foi abordada pelo candidato, deixando Collor irritado. Os trabalhadores fizeram um protesto em frente a produtora onde o debate foi realizado e tiveram a solidariedade do psolista.
Cícero Albuquerque foi incisivo e não titubeou quando o senador, em voz alta, tentou intimidá-lo. Albuquerque reagiu com altivez, criando um estresse e mudança de postura de Fernando Collor no restante do debate.
Rodrigo Cunha: a bola da vez
Rodrigo Cunha continuou sendo a “bola da vez” e isso se explica pela sua posição nas pesquisas, que o apontam em segundo lugar. Collor e Rui Palmeira precisam deslocá-lo desta posição e os ataques foram feitos ao candidato que, e nem sempre, conseguiu reagir com desenvoltura. Cunha, assim como Collor, estava, visivelmente, nervoso.
Paulo Dantas não saiu do padrão dos debates anteriores, falando das realizações do seu antecessor, o candidato ao Senado Renan Filho (MDB), e dos seus atos como governador, principalmente, das obras que continuam sendo entregues. Procurou colar à sua candidatura o apoio declarado do ex-presidente Lula (PT).
Rui Palmeira também procurou dissertar sobre as suas obras na administração de Maceió e manteve Rodrigo Cunha como o seu alvo preferencial. Disciplinado, não saiu do que os seus estrategistas definiram como objetivo de ação, ou seja, avançar sobre Cunha. Assim como Paulo Dantas, não apresentou propostas além das suas realizações no comando do Executivo.
Rodrigo Cunha tem estado nos debates sob artilharia pesada de Collor, Rui e Paulo Dantas. As suas falas, sejam apresentando propostas ou reagindo às criticas dos adversários, não têm sido convincentes. Os dois pontos levantados pelos adversários, como a sua relação com o deputado Arthur Lira (PP), e os recebimentos das emendas milionárias do Orçamento Secreto não foram respondidas com clareza.
A participação de Luciano Almeida resumiu-se a levantar a bola para Paulo Dantas e Rui Palmeira “cortarem”. Não faria falta a sua ausência nos debates, ele não tem propostas e se perde ao repetir falas sem conteúdo.
O fator Braskem
O crime praticado pela Braskem ficou escondido durante a campanha eleitoral, salvo alguns programas feitos por Cicero Albuquerque e Mário Agra (Psol), candidato a senador. No debate, Luciano Almeida abordou o assunto ao fazer a pergunta para Collor, que gastou o tempo tergiversando sobre o crime.
O professor Cícero Albuquerque foi quem melhor se apresentou diante das câmeras da televisão. A falta de experiência administrativa não retira os méritos de apresentar propostas com conteúdo para os eleitores de Alagoas avaliarem o voto a poucos dias das eleições.
