11 de outubro de 2022 10:39 por Da Redação
Moradores dos Flexais reunidos nessa segunda-feira (10), pela Comissão Especial do Pinheiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/AL), definiram que não vão abrir mão do direito de deixar as casas onde moram hoje e escolher onde recomeçar a vida.
O grupo rejeita a proposta da Braskem, acatada pela Prefeitura de Maceió e pelos Ministérios Públicos Federal (MPF) e Estadual (MPE), que prevê a reurbanização da localidade, alegando que as casas não foram atingidas pelo problema de solo que já foi constatado em outros bairros. . Os moradores, no entanto, citam que as casas já estão rachadas e ressaltam a necessidade urgente de deixarem a localidade citando, ainda, o ilhamento social.
Durante a reunião na sede da OAB/AL, o grupo aprovou, por unanimidade, o pedido de realocação dos moradores. O presidente da Comissão Especial do Pinheiro, Carlos Lima, avisou que esse encontro foi o último realizado no sentido de tentar resolver o problema de forma administrativa.
Caso o posicionamento dos órgãos oficiais seja mantido, a questão será judicializada. “O nosso objetivo é fazer o que os moradores desejam, pois são eles que sentem as consequências do isolamento social. Queremos buscar uma solução pacífica para o problema, mas se for necessário, vamos judicializar”, pontuou.
Documentos
Durante a audiência, foram apresentados dois documentos importantes que serão entregues aos órgãos envolvidos. Um é o laudo antropológico elaborado pelo professor doutor Edson Bezerra, que também esteve presente na audiência e falou sobre a necessidade de realocação das pessoas.
“Manter essas famílias morando naquela localidade é condená-las à miserabilidade. Bebedouro já foi o centro da vida cultural da cidade e hoje o bairro está desaparecendo”, destacou o especialista, citando a importância do bairro de Bebedouro para a história de Maceió.
Um relatório da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da OAB/AL, elaborado a partir da oitiva dos moradores da região, também foi apresentado. Nele, ficou constatada a falta de condições de habitabilidade. “Esses moradores estão vivendo em uma ilha, sem acesso a coisas básicas”, falou Djalma Cavalcante, membro da comissão.
Isolamento
Segundo relatos, no entorno das moradias que ainda estão habitadas, não há mais nenhum serviço em funcionamento. Os ônibus passam a cada duas ou três horas e os motoristas por aplicativo dificilmente aceitam uma corrida para a região.
Isso sem contar nos casos de emergência. Nem o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) está atendendo os chamados que vêm de lá. Para comprar um pão, os vizinhos têm feito revezamento e, a cada dia, um deles se desloca até outro bairro de Maceió para comprar o item para ele e os demais moradores.
Pedido de socorro
Emocionados, os moradores fizeram uso da palavra e pediram socorro aos representantes da OAB/AL. Lideranças das regiões e diversos moradores desabafaram e ressaltaram o desejo de deixar a região. Para isso, eles precisam ser indenizados pela Braskem para deixar a localidade e seguir a vida em outro ambiente, onde possam se sentir seguros e com acesso aos serviços básicos para sobreviver. “Mataram a nossa história”, disse uma moradora. “Não nos abandonem”, falou outra.
*Com Ascom OAB/AL