Os últimos dias do desgoverno Bolsonaro têm sido melancólicos, caracterizados pelas raras aparições de um presidente taciturno. Seus gestos se limitam a oficializar no Diário Oficial da União nomeações de aliados e despachos dos auxiliares mais próximos, a exemplo, do pior ministro da Economia da história do país, Paulo Guedes, que saiu de férias para não voltar.
Celebrado como Posto Ipiranga de Bolsonaro, Guedes deixa como legado um país quebrado com mais de 33 milhões de brasileiros e brasileiras passando fome e 120 milhões com algum nível de insegurança alimentar.
Nesta quarta-feira (21), foi a vez do fiel ministro das Comunicações, Fábio Faria, que pediu demissão do cargo faltando dez dias para terminar o governo. A trajetória dele no primeiro time de Bolsonaro também não foi boa.
A dois dias da eleição, por exemplo, Faria tentou armar uma farsa para ajudar seu chefe no pleito.
Trata-se do RadioGate por meio do qual denunciou “grave fraudes” em inserções de propaganda eleitoral de Bolsonaro que não foram veiculadas, sobretudo no Nordeste. O episódio serviu até para que bolsonaristas pedissem o adiamento da eleição.
Pela falta de provas, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, desmontou de imediato a farsa e, para não se ver encrencado, Faria culpou o partido do chefe por não fiscalizar as inserções.
Enquanto despacha seus ministros, Bolsonaro também usa a caneta para ajudar aliados. É o caso diretor-geral da Polícia Federal (PF), Márcio Nunes de Oliveira, que foi designado, pelo prazo de três anos, adido policial federal na Embaixada do Brasil em Madri, na Espanha.
De acordo com levantamento da Folha de S.Paulo, o presidente já agiu da mesma forma, desde o final do segundo turno, para ajudar mais de 40 aliados no governo. As vagas são de comissões e conselhos, diplomatas, adidos e militares.
Não se sabe ainda se as canetadas vão prevalecer, mas o certo é que o novo governo assumirá para reconstruir o Brasil que está saindo das trevas.