29 de dezembro de 2022 12:08 por Geraldo de Majella
A representação parlamentar da extrema-direita em Alagoas é composta por policiais civis, militares, ex-procuradores do Ministério Público Estadual (MPAL) e microempresários.
Esse grupo ganhou musculatura eleitoral ao aderir ao bolsonarismo, intensificando o discurso de ódio mirando a periferia, não somente das cidades onde a ação violenta dos órgãos de segurança contra os moradores é “livre”.
Esse foi o momento onde ocorreu a disputa eleitoral. Eleitos para os seus cargos, porém derrotados na disputa presidencial, os extremistas procuram se adequar ao novo ambiente.
Os deputados federais delegado Fábio Costa (PP); o ex-PGE Alfredo Gaspar de Mendonça (União Brasil); os deputados estaduais delegado Leonam (União Brasil), Cabo Bebeto (PL); e o vereador Leonardo Dias (PL) não têm, no momento, unidade suficiente para articular um grupo.
Eles se apoiam no discurso armamentista e “anticorrupção” (este seletivo). Alguns desses políticos estão inseridos em grupos católicos extremistas, dos quais esperam apoio eleitoral, como é o caso de Leonardo Dias.
Os policiais procuram ampliar o nicho eleitoral entre a categoria e se dizem oposição ao governo estadual. A contradição é que farão parte do núcleo majoritário que comandará a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa que tem dado sustentação ao governador Paulo Dantas (MDB). Esta é uma das maneiras para garantir espaços de poder.
Os deputados federais Fábio Costa e Alfredo Gaspar, ambos aliados e dependentes do deputado Arthur Lira, fonte política de financiamentos milionários de campanha, irão formar a Bancada da Bala na Câmara Federal, entre os membros do baixo clero, assim denominado os parlamentares que não são influentes.
E a esquerda como fica?
A esquerda alagoana não pode continuar desconhecendo o avanço político-eleitoral da extrema-direita. Esses parlamentares estão adquirindo musculatura eleitoral e apoio na sociedade.
Entender que o bolsonarismo continuará sem Bolsonaro no poder é um sinal para estabelecer a disputa política. É preciso entender como eles têm o apoio de parcela da sociedade alagoana que vive em situação de vulnerabilidade e é vítima da extrema-direita, com o discurso do ódio tendo como base ideológica o antipetismo e o anticomunismo.
Esse discurso tem alcançado setores da população, inclusive, com a ação de largos segmentos das igrejas neopentecostais. Entender esse cenário e montar estratégias que possam avançar nas periferias e nas áreas mais empobrecidas da população na capital e no interior é o antídoto contra o avanço da extrema-direita.