Carta aberta dos alagoanos à Rede Globo, ao CONAR, aos anunciantes do Big Brother, à Ministra do Meio Ambiente, ao MPF nacional, e à Nação.
A Braskem entrou no lugar das Lojas Americanas como uma das principais patrocinadoras do programa Big Brother Brasil, da Rede Globo. Seu intuito é se vender como uma empresa preocupada com o meio ambiente e as pessoas. Tudo mentira. Sua participação no programa é, na verdade, um enorme tapa na cara de mais de 3,5 milhões de alagoanos que, indignados, sofrem de perto os efeitos do megadesastre que a empresa cometeu em Maceió, destruindo literalmente mais de 3 milhões de m² da cidade.
O crime cometido destroçou 5 bairros, inutilizou 15 mil residências, obrigou o fechamento de mais de 5 mil empresas, causou a perda de 10 mil empregos e desvalorizou outros 17 mil imóveis no entorno da área devastada, causando um prejuízo estimado em muito mais de 15 bilhões de reais. Que, até agora – quase 5 anos após o desastre – nunca foi pago a Maceió, a cidade-vítima e a Alagoas, cujas autoridades assistem anômicas, prevaricantes e acoitadamente ao circo de horrores que a empresa está tocando em nossa cidade.
Maceió é hoje uma cidade sitiada pela Braskem!
E o que dizer às famílias enlutadas de mais de uma dezena de pessoas que, desesperadas pelo descaso e abandono da empresa, foram levados ao ato extremo do suicídio? E para as centenas de cidadãos e cidadãs que viram suas vidas – de repente – serem afetadas por traumas psicológicos até hoje prevalecentes? A angústia dos maceioenses é real, concreta, doída e solitária, abandonados que fomos pelas autoridades. Todas.
O patrocínio do Big Brother se trata de mais um deboche daquela empresa para com um milhão de maceioenses que há décadas são obrigados a conviver com uma indústria inimiga do seu meio ambiente e da cidade. Uma cidade que não apenas foi destruída pela Braskem mas que também enfrenta outra ameaça latente ainda maior DENTRO de Maceió, que assombra cotidianamente 20% da nossa população e que pode, no limite, levar a óbito centena de milhar de maceioenses: a presença de uma indústria química de grande porte em pleno centro da Capital! Não queremos que se repita aqui outra Bhopal!
Nossa cidade pede socorro! Não se enganem os turistas e demais brasileiros com o nosso lindo litoral e as belas praias. A menos de 800 metros dali, a destruição reina absoluta e a responsável por isso tem nome: Braskem.
Nós estamos aproveitando o momento Big Brother para chamar a atenção da Nação para o que está se passando em Maceió, coisa que até agora, quase 5 anos após o megadesastre, não conseguimos, sufocados pelo poder econômico da empresa que impede nosso livre acesso à mídia, interditando a opinião pública do país de saber de fato o que se passa por aqui.
O Big Brother é a casa mais vigiada do Brasil, mas quem vigia uma das empresas mais controversas do país e condenada na Operação Lava Jato? Que critérios a Rede Globo tem, além do financeiro, para aceitar um patrocínio de uma empresa com o passivo moral e ambiental da Braskem? E o que acham os demais anunciantes, ao verem suas marcas, duramente consolidadas, sendo associadas a uma empresa incivilizada, que destruiu grande parte de uma capital, afetou centenas de milhares de vidas e os sonhos da gente de Maceió? E que até agora se nega até a pagar o que deve por seus malfeitos? E a Rede Globo, que tanto se gaba do seu Compliance, o que vai fazer? Ou o dinheiro vai falar mais alto que vidas perdidas e uma cidade encurralada por uma empresa multinacional?
Alertamos também à ministra do meio ambiente, sempre tão ciosa das coisas da Amazônia, que existe um megaproblema a duas horas de avião de Brasília que ela precisa conhecer e nele intervir, bem como ao Ministério Público Federal em Brasília e aos tribunais superiores, pois já não temos mais a quem apelar, vez que o judiciário local e o federal em Alagoas negam qualquer pleito contra os abusos praticados pela empresa, sabe-se lá por que…
Se você concorda que é preciso dar um basta nessa situação, assine esta Carta Aberta. Ela é o nosso grito de alerta à Nação para a contradição de uma empresa que destrói cotidianamente o nosso meio ambiente pousar de defensora da causa ambiental.
Exigimos uma posição da Rede Globo, dos demais patrocinadores e do CONAR no tocante à imediata exclusão da empresa como anunciante do Big Brother. Se nosso grito de alerta não for considerado por todos aqui citados, iremos encetar uma campanha cerrada nas redes sociais para boicote de cada um deles – e do programa – pelos brasileiros.
Chega dos abusos. De anomias, prevaricações e corrupções de autoridades, chega de (in) justiça.
Chega!
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