27 de janeiro de 2023 2:40 por Da Redação
No dia 29 de janeiro de 2004, um grupo de ativistas da causa LGBTQIA+ realizou uma manifestação no Congresso Nacional, em Brasília, cujo tema foi Travesti e Respeito: já está na hora dos dois serem vistos juntos. A ação marcou a data como o Dia Nacional da Visibilidade Trans, na qual se discutem questões acerca da equidade e do respeito às pessoas trans.
Na Ufal, o grupo de Estudos e Pesquisas em História, Gênero e Sexualidade (GEPHGS), ligado ao curso de História, realiza atividades que têm o objetivo de historicizar e problematizar a transfobia estruturante presente tanto na Universidade, quanto na sociedade de modo em geral. O grupo é coordenado pelo professor Elias Veras e conta com a participação de estudantes de vários cursos.
Para Harmie Alexandre, estudante do sétimo período do curso de História Licenciatura, o grupo proporcionou compreender e expandir suas indagações sobre sua própria identidade de gênero. “Foi em 2019 que o GEPHGS virou mais que um simples grupo de pesquisa e estudos… Se tornou minha casa, maternidade e palco. Maternidade porque foi dentro do GEPHGS que pude ser quem eu realmente eu era: Harmie Alexandre, uma pessoa trans não-binária e negra e desde então minha atuação dentro do grupo foi sempre incisiva partindo sempre de uma indagação: onde estão os corpos trans e travestis dentro da História?”, explica.
De acordo com o professor Veras, os trabalhos desenvolvidos pelo GEPHGS apontam para o compromisso acadêmico, ético e político que pairam sobre o tema. “O trabalho dos estudantes da graduação e da pós-graduação do curso de História e de outros cursos, é no sentido de documentar, preservar e publicizar as memórias e histórias das experiências LGBTQIA+ em Alagoas. A participação de pesquisadoras trans no grupo, que atualmente estão desenvolvendo suas investigações sobre a temática, nos lembram da importância e da urgência histórica do protagonismo trans na produção de narrativas e epistemologias trans”, ressalta.
Produção de conhecimento para além da academia
Uma das pesquisas realizadas pelo GEPHGS é o trabalho de Eloísa Costa, também do curso de História Licenciatura, que investiga como as travestis e transexuais aparecem na imprensa alagoana. Para isso ela acompanhou reportagens de dois jornais de grande circulação local, durante o período de redemocratização, entre os anos de 1980 e 1988. “A pesquisa mostrou que a mídia tem um papel fundamental na criação de estigmas e teorias sobre a população trans, sobretudo num estado que sempre foi conservador e ainda hoje persiste nesse conservadorismo”, alerta.
A estudante trans alerta para a necessidade de atualização nas grades curriculares dos cursos de humanas, por exemplo. “No grupo a gente trabalha bastante a importância de se estudar o transfeminismo, o feminismo decolonial, a interseccionalidade, além da importância da história das mulheres principalmente para que a gente consiga discutir não só numa matéria eletiva ou nos grupos de estudos, mas que a gente incorpore isso numa disciplina que seja obrigatória aos cursos de humanas”, conclui.
Outra iniciativa é o documentário Queer Sophia, um projeto desenvolvido por alunos da Ufal para uma disciplina do curso de Filosofia. De acordo com Barbara Ciríaco, uma das responsáveis pela produção, o documentário foi feito com a proposta de dar espaços a pessoas trans para falarem de suas vivências na Ufal. O material está disponível no Youtube.
Na última quinta-feira, o GEPHGS promoveu uma mesa-redonda para falar sobre o Dia Nacional da Visibilidade Trans. Outras produções realizadas pelo grupo foram as edições do Colóquio Diálogos Interdisciplinares sobre gênero, raça e sexualidade, a publicação do livro ‘Corpos em aliança: diálogos interdisciplinares sobre gênero, raça e sexualidade’, disponível para download gratuito, e o projeto ‘Acervos, afetos e memórias das lutas LGBTQIA+ em Alagoas’. Os interessados na temática podem conferir as atividades do grupo também pelo canal do GEPHGS no Youtube.
Fonte: Ascom/Ufal