Por Ana Carolina Caldas, do Brasil de Fato
Um material de apoio da disciplina de Educação Financeira incluída no currículo da rede estadual de ensino do Paraná circulou pelas redes sociais e provocou reações negativas de professores, pais e alunos. O slide voltado aos alunos dos sextos anos das escolas públicas do estado faz uma comparação entre “mentalidade rica X mentalidade pobre”. Entre as comparações, frases atribuídas à mentalidade pobre como: “culpa os outros e o governo”, “apenas sonha”, “foca nas adversidades”, “trabalha pelo dinheiro”.
Para a APP-Sindicato, o material incentiva a estigmatização da pobreza e a ignorância sobre a realidade dos estudantes da escola pública. Além disso, aborda ideologia de autoajuda substituindo o conhecimento científico, as ciências sociais e o debate real sobre as raízes da pobreza.
Walkiria Olegário Mazetto, presidente da APP-Sindicato, classificou o material como violento e discriminatório. “Aquele material pode ser considerado uma violência porque discrimina e responsabiliza o pobre como o responsável pela sua pobreza. Isso exposto a crianças e adolescentes sem condições de contraponto. Isso, sim, podemos chamar de doutrinação”, diz.
A mãe de uma aluna que acabou de entrar na escola pública diz estar bastante preocupada com os rumos da educação no estado. “Estão faltando professores em várias disciplinas. Fora que não há formação para estas novas disciplinas. Por exemplo, fui informada que as aulas de mídias serão ministradas por professores de Inglês e Artes. Outro problema que já vi é que Filosofia agora tem outro nome ‘Ética e Liderança’, será que vão debater ética ou o contexto motivacional?” questiona a mãe, que preferiu não ser identificada.
Questionada pela APP-Sindicato, a Secretaria de Estado da Educação (Seed) informou que o material será retirado e que não reflete a visão da secretaria sobre educação financeira.