9 de março de 2023 11:07 por Da Redação
Durante a “Escuta Pública” realizada pela Diagonal – empresa contratada pela Braskem para elaborar o Plano de Ações Sociourbanísticas das regiões afundadas pela mineração de sal-gema –, o jornalista, empresário e presidente da Associação dos Empreendedores no Pinheiro e Região Afetada pela Braskem, Alexandre Sampaio, foi enfático: este trabalho nasce viciado pelos interesses corporativos que existem entre a Diagonal e a mineradora.
O primeiro da série de encontros ocorreu na última terça (7), no ginásio do Cepa, e foi marcado por questionamentos. “Conversei com uma pessoa da Odebrecht, que acompanhou a Diagonal em países da África e Salvador-BA em vários momentos, fazendo trabalhos para a Odebrecht, que é controladora da Braskem”, disse, ao questionar a isenção e a independência da consultoria.
Citando artigo do professor Elias Fragoso publicado no 082 Notícias, Sampaio também questionou o valor pago à Diagonal para elaborar o plano, que seria da ordem de R$ 300 milhões, muito acima do que é praticado pelo mercado.
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O responsável pela Diagonal na Escuta Pública não respondeu a pergunta feita pelo empresário e jornalista Alexandre Sampaio que perguntou o valor recebido pelo serviço prestado.
Disse apenas que recebia por hora trabalhada, mas, não revelou o valor da hora e nem quantas horas trabalharam, às horas trabalhadas são compatíveis com o valor de mercado.
Além disso, o empresário põe em xeque a metodologia utilizada. Os estudos, por exemplo, são realizadas com base em grupos, o que seria um erro diante das dimensões da tragédia provocada pela Braskem, considerada a maior do mundo em uma área urbana.
Pelos números que apresentou, a destruição dos bairros afetou 60 mil pessoas, seis mil empresas e 30 mil trabalhadores, formais e informais, que ganhavam seu sustento. “O nível de atingimento das vítimas é impossível de ser notado na metodologia de grupo focal. Grupo focal é para coisas menores, para questões qualitativas, que estão muito aquém do absurdo e da envergadura desse problema”, questionou.
Veja:
Escutas públicas
De acordo com a Braskem, a elaboração do diagnóstico de desocupação dos bairros do Mutange, parte de Bebedouro, Pinheiro, Bom Parto e Farol servirá como base técnica e fará parte do Plano de Ações Sociourbanísticas, como consta no Termo de Acordo Socioambiental assinado em dezembro de 2020 entre a Braskem e o Ministério Público Federal (MPF), com a participação do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE).
Calendário de Escuta Pública
07 de março às 17h30 – Eixo 1 – Políticas sociais e redução de vulnerabilidades
14 de março às 17h30 – Eixo 2 – Atividade econômica, trabalho e renda
21 de março às 17h30 – Eixo 3 – Qualificação urbana e ambiental
28 de março às 17h30 – Eixo 4 – Preservação da cultura e memória.
Para os eventos presenciais, é necessário realizar cadastro no site (www.maisdialogos.com) ou no telefone: (82) 99950-5639.