segunda-feira 6 de janeiro de 2025

Governo realiza a ‘Semana Nunca Mais’, para lembrar e repudiar golpe de 1964 e ditadura militar

Além de atividades do governo, semana terá lançamento de documentário e debates na USP; veja programação
Nilmário Miranda junto à ponte que agora leva o nome de Honestino Guimarães, substituindo um dos generais da ditadura | Clarice Castro-Ascom/MDHC

Por Vitor Nuzzi, da Rede Brasil Atual

Até o próximo domingo (2), uma série de atividades vai lembrar os 59 anos do golpe que instaurou uma ditadura no Brasil, de 1964 a 1985. Ao contrário do governo anterior, que não reconhecia a ocorrência de um golpe no país, o atual quer promover atos de memória e repúdio àquele período. Por isso, está promovendo a chamada “Semana Nunca Mais”.

Esses atos concentram-se no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), que nesta quinta-feira (30), a partir das 9h, por exemplo, vai promover a primeira sessão do ano da Comissão de Anistia. O colegiado foi recomposto recentemente e irá revisar vários casos desconsiderados pela gestão anterior.

Homenagem a estudante

A abertura das atividades da “Semana Nunca Mais” foi realizada na terça-feira (28), com manifestação na ponte Honestino Guimarães, em Brasília. Líder estudantil, Honestino foi preso e assassinado em outubro de 1973, perto daquele local. A ponte tinha antes o nome de Arthur da Costa e Silva, um dos generais-presidentes. Ex-secretário de Direitos Humanos e ex-deputado, Nilmário Miranda comandou o evento, como assessor especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade do MDHC.

Nesta quarta-feira (29), das 10h às 12h, o ministro Silvio Almeida recebe cerca de 150 familiares de mortos e desparecidos políticos. No dia seguinte (30), no mesmo horário, a audiência será com um grupo de anistiados. Uma prévia da esperada sessão da Comissão de Anistia, que durante o governo Bolsonaro chegou ter presença do general Rocha Paiva, que considerava Carlos Alberto Brilhante Ustra “um herói”. Ustra, que comandava o DOI-Codi, foi reconhecido como torturador.

Repúdio à ditadura e à violência

Levantamento do MHDC mostra que de 4.285 processos julgados de 2019 a 2022 – ou seja, no mandato do governo anterior –, 4.081 foram indeferidos. Incluindo o da ex-presidenta Dilma Rousseff, que, como militante política, foi presa e torturada.

A programação da ‘Semana Nunca Mais’ termina com a 3ª Caminhada do Silêncio, em São Paulo. A manifestação será realizada no domingo (2), a partir das 16h, no Parque do Ibirapuera. A primeira edição do movimento, em 2019, foi justamente uma demonstração de repúdio ao governo Bolsonaro, que assumiu naquele ano e queria celebrar o golpe, além de protesto contra a ainda presente violência do Estado.

Documentário e debate na USP

Outras atividades estão previstas para marcar a semana dos 59 anos do golpe civil-militar no Brasil. Também nesta quinta (30), será lançado o documentário Memória Sufocada, dirigido por Gabriel Di Giacomo. Com filmagens do interior do DOI-Codi de São Paulo, o longa, segundo seus autores, procura olhar a história da ditadura e da tortura no país “a partir da perspectiva do presente”. Um “exercício de reflexão sobre a memória coletiva”, afirma o autor. Assista ao trailer aqui.

Na sexta (31), das 9h às 19h30, a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) promove cinco painéis que tratam de democracia e plataformas digitais. A primeira mesa (“Liberdade de expressão, limites e alternativas em tempos de pós-verdade”) terá a presença do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele é também professor de Direito Constitucional na instituição.

Assim, a abertura terá ainda os diretores da faculdade Celso Fernandes Campilongo e Ana Elisa Liberatore Bechara. Além deles, o professor Eugênio Bucci, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. O evento, no Auditório Rubino de Oliveira, também terá transmissão pelo YouTube.

Please follow and like us:
Pin Share

Mais lidas

Jornalista recebe apoio após ataque em rede sociais

Em nota oficial, o Sindicato dos Jornalistas de Alagoas repudiou, nesta sexta-feira (20), os

Paulão cita 082 Notícias e volta a denunciar crime da Braskem em Maceió

O deputado federal Paulão (PT) usou o artigo “A Justiça que segrega”, do historiador

Polícia científica identifica digitais de suspeitos em brigas entre torcedores de CSA e CRB

Uma perícia realizada pelo Instituto de Criminalística de Maceió em um veículo utilizado na

Cultura reúne artistas musicais para novo cronograma do 6º Festival Em Cantos de Alagoas

A Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult) reuniu, na terça-feira (10),

TRE proíbe motorista de aplicativo de colar adesivo de candidatos

Veículos cadastrados em aplicativos de transporte urbano, como Uber, 99, InDriver e outros, não

Eleições 2024: cresce em 78% o número de eleitores menores de 18 anos

Por Iram Alfaia, do portal Vermelho O Brasil possui 1.836.081 eleitores menores de 18

Eleitores vítimas da Braskem são orientados a buscar novos locais de votação

A mineração predatória que a multinacional Braskem S/A realizou em Maceió por quase 50

  Dados de Projetos Esportivos Clube de Regatas Brasil – CRB Autor Descrição da

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *