O ataque na última segunda-feira (27) de um aluno da Escola Estadual Thomazia Montoro, no bairro da Vila Sônia, zona oeste da cidade de São Paulo, que feriu a faca dois estudantes e três docentes, e causou a morte da professora Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, não é um caso isolado. Ao contrário, é mais um exemplo do alto grau de insegurança em que vivem quem frequenta as escolas do estado.
A violência na rede pública estadual já atingiu 48% dos alunos matriculados e 19% dos docentes, no ano passado. Esses índices indicam que 1,1 milhão de alunos e 40 mil professores sofreram algum tipo de violência dentro de um estabelecimento escolar.
São violências de todo o tipo: agressões físicas, emocionais e sexuais, bullying, entre tantas outras que ocorrem principalmente nas periferias. Mais de 250 mil profissionais, 13% relataram ter sofrido violência verbal ou física no ano passado. Um índice que chega a 36% no caso dos estudantes. Esses e outros dados foram levantados por meio de uma pesquisa feita pelo Instituto Locomotiva e o Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp), divulgada nessa quarta-feira (29).
Os números são ainda mais alarmantes quando professores, alunos e familiares são perguntados se souberam de casos de violência nas escolas que frequentam: 71% dos estudantes (1,6 milhão) , 73% dos familiares e 41% dos docentes (87 mil) responderam que sim.
Os números são ainda mais alarmantes quando professores, alunos e familiares são perguntados se souberam de casos de violência nas escolas que frequentam: 71% dos estudantes (1,6 milhão) , 73% dos familiares e 41% dos docentes (87 mil) responderam que sim.
Reflexos na saúde mental
Praticamente todos entrevistados (95% dos estudantes e dos familiares e 91% dos professores) concordam que questões de saúde mental como esgotamento, ansiedade e outros problemas se tornaram mais relatados por estudantes e professores.
Porém, enquanto a grande maioria relata haver necessidade de projetos de acompanhamento da saúde mental nas escolas, pouco mais da metade dos entrevistados diz que a escola tem iniciativa deste tipo.
Para Renato Meirelles, do Instituto Locomotiva, o resultado da pesquisa mostram que a insegurança e casos de violência no ambiente escolar é uma realidade e para lidar com esse cenário é necessário um movimento amplo de toda a sociedade para construir uma cultura de paz.
“Precisamos de investimento humano e tecnológico para prevenção e enfrentamento da violência, começando pelos colégios de periferia”, comentou.
Segurança deveria ser oferecida pelo governo do estado
Mais de 98% dos pesquisados concordam que o governo estadual deveria dar mais condições de segurança.
A presidenta da Apeoesp e deputada estadual professora Bebel (PT-SP), responsabiliza o governo do estado pela falta de pessoal e de programas que foram extintos.
“Faltam funcionários nas escolas, o policiamento no entorno das unidades escolares é deficiente e, sobretudo, não existem políticas de prevenção que envolvam a comunidade escolar. O programa de mediação escolar, criado em 2009 pela secretaria da educação a partir de proposta da Apeoesp, em que professores trabalhavam na solução de conflitos e harmonização do ambiente escolar, foi virtualmente abandonado. as consequências se fazem sentir no crescimento do número de casos”, declarou Bebel sobre o resultado da pesquisa.
Ato de desagravo
Na tarde dessa quarta-feira, um ato promovido pela Apeoesp reuniu docentes da rede estadual de ensino de São Paulo em prol da paz e de desagravo a todas às vítimas de violência nas escolas, foi realizado no centro da capital, em frente à Secretaria Estadual de Educação (Seduc).
Metodologia da pesquisa
O levantamento, realizado em parceria com o Instituto Locomotiva, ouviu 1.250 alunos, 1.100 professores e 1.250 familiares de estudantes de toda a rede estadual de 30 de janeiro a 21 de fevereiro.
Fonte: Página da CUT