31 de março de 2023 6:19 por Geraldo de Majella
O deputado federal extremista Alfredo Gaspar de Mendonça (União-AL) já entrou para o anedotário político nacional. O que o fez galgar esse posto foi a desastrosa fala durante a audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Federal, com a participação do ministro da Justiça Flávio Dino, na última terça-feira (28).
Gaspar, com voz empostada, sacou do coldre uma bateria de fake news, arma utilizada em profusão pela extrema-direita, da qual o deputado é integrante.
A postura inquisitorial, associada à inexperiência parlamentar e pouca luz intelectual, foi seu infortúnio. O extremista alagoano, no afã de intimidar o experiente político e ministro da Justiça, acabou botando os pés pelas mãos. Todas as acusações foram respondidas à luz de fatos, apontando a fonte geradora de desinformação, que é o mundo das fake news que o parlamentar se utiliza.
O bolsonarista definiu como estratégia política liderar uma facção da extrema-direita, já que existem outros lideres nacionais e, para tanto, é necessário se apresentar em público utilizando a linguagem virulenta como um estilo de oratória.
Desmontado no seu intento na audiência pública pelo ministro Flávio Dino, o deputado que havia adentrado ao recito rugindo como leão, ao término, saiu miando como um gatinho.
Ocupar os espaços possíveis na mídia de extrema-direita faz parte de sua estratégia. Evocar a violência para enfrentar criminosos é o lugar-comum e foi o fio condutor de sua trajetória em Alagoas.
Alfredo Gaspar é um estrato que emergiu de instituições do Estado brasileiro com a ascensão do fascismo ao Poder em 2018. Esse tipo saiu do armário fascista e outros continuam escondidos nos armários do Estado. Antes, quando exercia a função de membro do Ministério Público no Estado de Alagoas, foi guindado à condição de “xerife”.
O MP, como é definido na Constituição Federal, é uma obra construída no período pós-ditadura, quando a sociedade brasileira elegeu os deputados e senadores para redigir uma nova ordem constitucional para superar o fascismo do período sombrio em que a ditadura militar mergulhou o país.
O deputado Alfredo Gaspar de Mendonça Neto não é filho natural da Nova Ordem, é herdeiro da barbárie e das monstruosidades praticadas pelo regime que o povo brasileiro, a muito custo, superou, enterrando os ideários e seus próceres.
A opção pelo pensamento à direita não desclassifica, necessariamente, quem pensa e atua politicamente, mas, não há como tolerar o político de extrema-direita. A explicação é relativamente simples: essa postura ideológica tem como finalidade destruir a democracia. A ditadura é o seu ideal de vida. A violência é um método de vida e de afirmação social. O Estado é para ser transformado no instrumento de coação e opressão da sociedade.
Coagir os poderes da República seria, para eles, uma política de Estado. A censura à imprensa um dos primeiros atos quando a extrema-direita assume o poder.
Bolsonaro tentou, com todos os meios, exercer o poder sem oposição, sem imprensa e garoteando o Poder Judiciário.
A democracia foi salva com muitas escoriações. O Estado brasileiro ficou com sequelas e mutilações. O momento é de reconstrução nacional, reconciliar onde for possível e manter o enfrentamento político com a extrema-direita.
Alfredo pensa que é um leão, até tenta rugir, mas, é um gatinho que mia. O Flávio Dino o colocou no devido lugar com uma das respostas que reproduzimos: “E o senhor me pergunta se eu tenho muita macheza. Isso não é algo que o senhor me pergunte, porque, se o senhor está interessado nesse assunto, eu lhe informo que eu não estou interessado nesse assunto. Agora, sobre esse aspecto, informo ao senhor, olhando no seu olho: eu não tenho medo de ninguém, nem de nada. O senhor pode ter certeza disso”.
Deputado, a democracia venceu!