Em nota emitida na semana passada sobre as obras realizadas para a recuperação do coletor de esgoto da Rua Soldado Eduardo dos Santos, no bairro da Jatiúca, em Maceió, a BRK informou que as equipes se surpreenderam com a descontinuidade em um dos trechos do coletor de esgoto. De acordo com a concessionária, “havia um espaço vazio de seis metros que separava dois pedaços da tubulação”.
O 082 Notícias ouviu um engenheiro sobre esta informação, que ficou tão surpreso quanto os técnicos da BRK. “Como, então, o esgoto passava de uma tubulação para outra?”, questionou.
Ele diz que isso é impossível de ocorrer porque, se a tubulação de esgoto tivesse descontinuidade, o esgoto teria que sair por algum lugar. “Ou nos poços de visita da rede à montante (localizados antes do ‘espaço’) ou, então, sairia e inundaria os trechos da rua à jusante deste ‘vazio’ que eles afirmaram existir”, explica.
O engenheiro diz ser “impossível” o esgoto se deslocar horizontalmente, atravessando o solo até chegar a outra tubulação, sem ser através de outra tubulação. “Ou, então, ao que parece, a BRK conseguiu descobrir a proeza de transportar esgoto sem tubulação. Não sei como os engenheiros hidráulicos, nesse tempo todo, ainda não descobriram essa técnica”, ironizou.
Para ele, diante do fracasso que se avizinha, a empresa começou a criar e preparar o discurso, a narrativa que justifique a impossibilidade de resolver este problema.
Em relação à meta de investimentos para universalizar os serviços de água e esgoto, ele está pessimista e acredita que sobrará para o bolso da população. “Acho muito difícil que eles cumpram com as metas dos investimentos para a universalização dos serviços de abastecimento de água e, principalmente, dos serviços de implantação de esgotamento sanitário. Tenho quase certeza que, no meio do contrato, eles vão solicitar realinhamento, sem contar que vão colocar as tarifas na lua”, afirmou.
A obra
De acordo com a BRK, as obras no local são de alta complexidade e avançaram para a fase final. Dos 12 pontos danificados identificados na tubulação por vídeo inspeção, nove já foram reparados pela concessionária, que também realizou a substituição de 30 metros de rede. Ao todo, cerca de R$ 6 milhões já foram investidos para a reconstrução da rede coletora, “cujos problemas estruturais antecedem a chegada da BRK a Maceió”.
A expectativa é que os trabalhos no ponto onde as equipes estão atuando sejam finalizados até o fim de abril, caso não haja nenhuma intercorrência durante a escavação.