Exceto o deputado Paulão (PT), a bancada federal de Alagoas mantém silêncio obsequioso em relação ao crime praticado pela Braskem, em Maceió. O petista usou a tribuna para denunciar, mais de uma vez, o crime que atingiu mais de 60 mil pessoas na capital alagoana.
Entre os senadores, apenas Renan Calheiros (MDB) quebrou o silêncio e fez cobranças à empresa, na última quarta-feira (29). O senador e empresário Fernando Farias (MDB), no exercício do mandato com o afastamento do titular, Renan Filho (MDB), não se manifestou até o momento.
O senador Rodrigo Cunha (União) permanece calado diante da tragédia que atingiu, diretamente, milhares de moradores e empresários dos cinco bairros que estão afundando.
As disputas eleitorais têm desviado o senador Cunha do essencial, que é a defesa dos interesses de Alagoas e dos alagoanos. Essa conduta interessa à Braskem porque é um senador da República e se torna uma força a menos ao lado dos atingidos pela tragédia socioambiental.
A bancada federal alagoana é composta por três senadores e nove deputados. Com a guinada do senador Renan Calheiros, abre-se uma brecha política para aumentar a pressão contra a mineradora.
A pressão das vítimas vem mantendo a Braskem na mira da sociedade alagoana, essa é uma batalha com várias frentes de luta, sendo uma jurídica internacional nos tribunais da Holanda, sede da empresa, outra junto aos órgãos do Estado brasileiro, como os ministérios públicos Federal e Estadual, as defensorias públicas Federal e Estadual e o Poder Judiciário.
A Braskem tem expertise no trato com políticos, o Judiciário e as mídias. A estratégia é clara para reduzir os danos à sua imagem como empresa que se diz protetora do meio ambiente e que tem na sustentabilidade um dos seus compromissos. É o que diz o seu site: “o maior compromisso da Braskem é com a segurança das pessoas”.
O senador Renan Calheiros calculou o momento exato, como um enxadrista, para emergir e denunciá-la, como fez da tribuna do Senado, afirmando que iria comunicar a situação ao presidente Lula. Calheiros também alertou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), e o presidente da Petrobras, ex-senador Jean Paul Prates, acionista da Braskem.
O senador Renan Calheiros se posta como defensor dos interesses do Estado de Alagoas que, numa perspectiva mais ampla, inclui os interesses das 60 mil vítimas diretas da Braskem.